(Por esta altura a modorra estival invade-me e até que me
adapte ao ritmo do “far niente” é um bico de obra como canta a cada vez mais
sensual Ana Moura (aquela pequena tatuagem na miserável final da Taça estremece
qualquer um mais sensível). Mas este ano o tempo é
diferente. Não só porque a pandemia torna tudo incomparável, como principalmente
“rabos de palha” de trabalhos que deveriam ser terminados antes de férias e o
não foram impedem que a modorra se instale, até que o panorama de obrigações fique
mais desanuviado).
Já não me lembro de férias sem computador, alguma coisa para pensar ou
escrever, a mórbida prática de não se perder a sensação de estar “on line”.
Sei que esta adicção não é saudável, mas já faz parte da minha maneira peculiar
de viver as férias e estas habituações em “burros velhos” são fatais. Para além
disso, há o blogue que já faz parte do respirar e deixar de respirar por longos
dias não é possível.
Caminha está mais animada, as coisas vão-se compondo, alguns turistas não
muitos à procura de recato e sobretudo confiantes nos estáveis 21 casos do
concelho e na estabilidade de números ainda mais baixos em Valença, Vila Nova
de Cerveira, Paredes de Coura e os portugueses do costume. Uma grande diversidade
de máscaras na rua, disciplina rigorosa nos estabelecimentos comerciais, as
esplanadas de modo geral bem organizadas e espaçadas e a sonoridade das
conversas em castelhano ou em galego (os diminuitivos saltam aos ouvidos) não é
excessiva, apenas porque chegam menos e em grupos mais pequenos.
Oportunidade para usufruir das múltiplas ecopistas do Alto Minho, umas
melhor cuidadas do que outras, mas sem dúvida um ativo diferenciador que sabe
bem percorrer sem horas ou cronómetros de gente que leva tudo demasiado a
sério.
Como dizia há pouco a modorra não se instalou porque havia coisas para
fazer na última, como completar o Relatório Metodológico do estudo para a
Agência Nacional de Inovação sobre identificação de domínios prioritários para
a Estratégia Nacional de Especialização Inteligente, que me fez retornar ao meu
mundo da economia da inovação e do conhecimento. E também dissertar no âmbito
de uma proposta para a ANQEP sobre revisão de referenciais de qualificações e
competências no universo da Informática, Eletrónica e Telecomunicações,
sobretudo em torno da chamada transformação digital e da sua futura e
generalizada aplicação, no âmbito de uma parceria com o INESC TEC através do
meu sempre caro Pedro Guedes de Oliveira, agora Professor Emérito da FEUP mas
sempre com aquele seu espírito crítico bem adestrado.
Em próximos dias falarei de algumas leituras, sem deixar de me manter
informado sobre o que é que o pensamento científico vai sistematizando de
efetivo sobre o COVID-19, como por exemplo a evidência mais ou menos segura de
que o coronavírus pode permanecer no ar por mais tempo que se pensava e daí a
importância do ar livre. Não sei se por esse motivo, a verdade é que ainda não
consegui entrar confiante num restaurante para usufruir de uma refeição em
ambiente fechado. Esplanadas, quase todas, mas interiores … o seguro morreu de
velho.
Talvez numa regularidade um pouco mais espaçada ou quem sabe no ritmo habitual
(depende dos temas e da vontade de respirar escrevendo), as férias não me
impedirão de revisitar o blogue. Entre dois banhos na piscina caseira, entre
duas caminhadas ou qualquer ida fugaz à praia ou simplesmente entre dois copos
de um branco apetecível olhando a paisagem.
Boas férias.
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