(Steve Bell, http://www.guardian.co.uk)
Aqui venho hoje evidenciar um fundamental pluralismo democrático, no caso aplicado às eleições presidenciais americanas de novembro que entraram nestas semanas na sua reta final com a nomeação dos candidatos pelas convenções dos respetivos partidos. Pois se já antes mostráramos algumas imagens da Convenção Democrata, ao que vou lendo cada vez mais considerada muito minimalista e pouco entusiástica, é agora a vez de reproduzir outras tantas da Convenção Republicana que ocupou praticamente toda a passada semana. Esteve lá tudo quanto podia estar, com a família do presidente em grande destaque e Trump a dominar amplamente a cena mediática de cada dia, sinalizando um Partido Republicano totalmente capturado pelo figurão e sem qualquer capacidade de iniciativa (mesmo que pontual e não necessariamente alternativa). O discurso de aceitação, setenta minutos praticamente só compostos por ataques, avisos e ameaças, fez-se de palavras-chave a pontuarem uma sua eventual derrota, tais como socialismo e left-wing, insegurança e crime ou anarquia e caos (na linha do que sugere o cartunista Stuttman: se o vírus não resistiu aos fogos na Califórnia, porque não incendiar o país todo?). Mas a estratégia central parece assentar numa secundarização da pandemia (com promessas de vacina a chegar antes do fim do ano) e numa aposta forte na economia e na retoma (crescimento e emprego) – ou, como bem explicou Louçã na “SIC Notícias”, numa diabolização da pobreza e da marginalidade (sobretudo negras ou hispânicas) por contraponto a uma aposta nos hiper-ricos e nos detentores de capacidade de investimento (vejam-se os comportamentos recentes e infundados dos índices bolsistas americanos, só entendíveis à custa do seu artificial inflacionamento por ação da política pública). E já só faltam dois meses para o voto, se o homem não arranjar forma de provocar um adiamento!
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