segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

ACONTECIMENTOS DE UM ANO PARA ESQUECER

(Stephanie Franziska Scholz, https://www.economist.com)

(Flavia Álvarez Pedrosa, “Flavita Banana”, https://elpais.com)


(Chris Riddell, http://www.guardian.co.uk)

 

2020 não foi um ano de difícil escolha, já que as incidências da pandemia foram de tal ordem que sobrelevaram tudo o mais e a tornaram inquestionavelmente no primeiro, segundo e terceiro acontecimento do ano, quer no plano externo quer no plano nacional e quase sempre pela negativa como é bom de ver. Mas também se verificaram alguns acontecimentos positivos a merecerem destaque, quer na intimidade e no aproveitamento qualitativo dos confinamentos, quer nas respostas sociopolíticas de âmbito nacional ou global (aqui com especial notoriedade para a despedida de Trump pelos americanos e a consequente promessa de um regresso normalizado dos EUA ao concerto internacional das nações) quer na excecional resposta científica ao tremendo desafio do vírus (aqui com o complemento de uma inédita resposta conjunta europeia que a Comissão de Ursula von der Leyen tão eficazmente soube propor e organizar).


(Chris Riddell, http://www.guardian.co.uk)


(Dimitris Hantzopoulos, http://www.kathimerini.gr)


(Greser&Lenz, http://www.faz.net)


(Miguel Ferraso Cabral, https://www.publico.pt)

 

Já entre nós, e pandemia à parte, o mais saliente que o ano nos revelou foi a desconfortável perspetiva de um país à espera. Entre um Presidente autocentrado e a fazer piscinas na permanente procura de exprimir publicamente a fé e a compaixão capazes de lhe proporcionarem a tão desejada adoração dos seus concidadãos (o que mudará, se é que algo poderá mudar naquela circunstância pessoal, depois de 24 de janeiro?), um primeiro-ministro cada vez mais tristemente amarrado aos efeitos mediáticos e nas sondagens da ação governativa que se vai esforçando por liderar (o que mudará se a função presidencial vier a dar diferentes sinais?) e um líder da oposição a deixar-se crescentemente aprisionar pela sofreguidão de um poder que julga só lhe advirá de obrigatórios acordos com a extrema-direita radical (o que mudará se de facto Passos vier a renascer das cinzas?), temos um  País preocupado pelos efeitos da pandemia e a viver anestesiado pelas perturbantes complicações do entorno e pelas suas mecânicas rotinas e necessidades quotidianas. Manifestamente ainda não chegou o tempo para consciencializar em toda a linha o que sucede (exceto para os que embarcam no simplismo dos discursos mais ou menos populistas que pululam, de Ventura a Cotrim, do PAN aos independentes, sem esquecer a esquerda parlamentar e os ditos partidos do arco da governação) e, assim, quão pouco futuro restará após a mera gestão de casos pontuais e situações sem saída a que nos vimos remetidos (da mentira da descentralização a planos de gasto sem rumo nem foco, de um Orçamento à estrita medida da conjuntura política à explosão das moratórias e inevitável avolumar descontrolado dos défices, dos expedientes criados em torno do Novo Banco à quase impossível concretização da hipótese de uma recuperação da TAP, dos dinheiros salvíficos que hão de chegar de Bruxelas aos que por aí se vão estragando sem rei nem roque, além de Tancos e outras incidências judiciais, das sucessivas desgraças do Benfica ou dos recorrentes dramas em sede de Administração Interna). Por isso, o meu acontecimento nacional do ano é, só pode mesmo ser, o desse país à espera de algo que não vai seguramente vir sem que toque um alerta capaz de despertar Portugal do desesperante torpor em que se encontra.

 

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)


(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)


(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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