(Fim de semana mais relaxado por Seixas ribeirinha e tempo para ouvir alguns discos em vinyl ou LP como antigamente se dizia, que na voracidade da semana esperam em vão a sua oportunidade. A relação com o gira-discos exige um outro tempo de manuseamento e atenção e por isso é preciso preparar esse ambiente de maior distensão. É o caso deste vinyl com o concerto de John Williams em Viena, com a Filarmónica dessa cidade e o violino de Anne Sophie Mutter.)
A música para cinema é muitas vezes considerada como uma forma musical menos elaborada, quando comparada com a chamada música clássica. Não tenho formação e competência para discutir a matéria, mas, frequentemente, embora sem conseguir identificar compositor temos a memória auditiva carregada de símbolos e momentos musicais que associamos a cenas marcantes das nossas referências cinematográficas.
O octogenário compositor e maestro americano John Williams é uma verdadeira lenda do cinema tantas e tão variadas são as suas marcas deixadas nas bandas sonoras de múltiplas referências na nossa memória cinematográfica dos sons que identificamos em cenas marcantes. Uma entrevista à revista de música da BBC permite confirmar que a figura já vetusta do compositor americano é de uma simpatia e simplicidade cativantes e que é real a sua afirmação de que o convite para dirigir a Filarmónica de Viena com música dos seus principais filmes, acompanhado da virtuosa Anne Sphie-Mutter, e os dois concertos aí realizados em janeiro de 2020 representaram um dos momentos mais emocionantes da sua já longa carreira.
O vinyl da Deutsche Grammophon reúne material desses dois concertos no Musikverein de Viena e, como refere a revista da BBC na entrevista atrás referida, a empatia criada pelo compositor americano com a orquestra e depois com o público combina na excelência com a reverência de Williams por aquele momento e por aqueles artistas (orquestra e Anne Sophie Mutter).
Reparei entretanto que a RTP 2 difundiu o concerto em 21 de outubro deste ano, o que pode ser uma boa oportunidade para avaliar pela imagem esta impressão que o disco deixa. A solene sala do Musikverein não se presta a essa possibilidade, mas enquanto ouvia o vinyl com as músicas de Harry Potter, do Indiana Jones, do Star Wars e do inesquecível ET de Spielberg as imagens passavam-me pela memória.
E destas memórias também se faz e vive o confinamento.
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