O lançamento da recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República foi um ato triste e excessivamente solitário. Quase deu a impressão de que o homem se sente cansado e enredado nas suas próprias contradições e que fugiria se pudesse – só que tal não está, infelizmente, no seu código genético (“não vou fugir às minhas responsabilidades”).
O discurso também foi do mais fraco que alguma vez se lhe ouviu – um discurso banal e sem chama, assente em quase nada que não o seu paternalismo patriótico (que lhe fica bem mas é curto em demasia) e o seu voluntarismo autocentrado (“sou o mesmo”) –, como decorre da proclamação de um objetivo solidário, embora mais assistencialista e aflito do que sabedor: “enfrentar adversidades da pandemia” e, consequentemente, “refazer Portugal”? Sim, mas como, com quê e para onde?
Nenhuma ambição passou por ali, pois. Pode ter sido apenas um dia mau, mas a ideia que dá é a de que Marcelo parece estar a cair em notórios rendimentos decrescentes. E a natural quebra da sua frenética energia acabará por tender a deixar vir ao de cima o pior de um político feito de somatórios mais ou menos avulsos de quotidianos.
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