domingo, 20 de dezembro de 2020

CECÍLIA

 


(Um programa de televisão centrado em Cecilia Bartoli e em alguns dos seus amigos é já um presente de Natal. Breves palavras simplesmente para dar graças à fortuna de o poder ter visto. É impossível não ser tocado pela voz, pela força, pela sensibilidade e por aquela alegria de viver a música de Cecilia, bênção divina ser dotada dessa riqueza.)

O filme visualizado esta noite na RTP 2 representa uma outra forma de sentir a importância do contributo de Cecilia Bartoli para a investigação e contextualização histórica da música. É construído com base em cenas de ensaio ou de preparação de diferentes espetáculos, em Berlim, Paris, Lugano, Roma, Vaticano, Salburgo sempre acompanhada de alguns dos seus mais amigos mais chegados na cumplicidade musical como Daniel Barenboin, Martha Argerich, António Pappano, Anne Sophie-Mutter, Gustavo Dudamel, Giovanni Antonini.

Ter no mesmo filme duas das minhas divas, Cecilia e Martha Argerich, já é para mim Natal. Mas para além desse momento único de reunião das duas expoentes vivas no canto e no piano, que devem ter sido muito poucos nas respetivas vidas, dá para perceber a força de vida e sensibilidade com que Cecilia prepara os seus projetos. Há muito que Bartoli é mais do que uma genial intérprete meio-soprano. Ela é hoje uma profunda investigadora da música barroca e também do romantismo inicial italiano trazendo para o público através de projetos editoriais específicos autores que teriam permanecido no mais perfeito anonimato. Através da sua própria Fundação e da marca discográfica “Decca mentored by Bartoli” e da direção de projetos artísticos de grande alcance com diferentes formações especializadas em música de época, Cecilia Bartoli é hoje uma rampa de lançamento de muitos artistas jovens. Essa influência é já visível na programação do Whitsun Salzburg Festival (maio) que dirige desde 2012 e sê-lo-á seguramente na Ópera de Monte Carlo a partir de 2023.

É tempo de revisitar a vastíssima discografia que me olha suspensa na estante à minha frente. Sobretudo a Norma de Bellini que arrasa comigo.

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