sábado, 26 de dezembro de 2020

AR PURO, BOXING DAY, LEITURAS NOVAS E UNS EPISÓDIOS

(Francesco Tullio Altan, http://www.repubblica.it)

Este é um daqueles dias em que ou se viaja para algum lugar distante ou se fica confortavelmente confinado em local próprio. Após um Natal com todos, embora não fossem assim tantos, sabe muito bem o dolce far niente de um dia como este em que impera o “nada” e tanto vem ao de cima nas rotações do nosso pensamento.

 

Escrevo depois de uma caminhada solheira mas agradavelmente fria e enquanto jogam Arsenal e Chelsea, já depois de Leicester e United ou de Fulham e Southampton e antes de City e Newcastle, tomando simultaneamente contactos primeiros com os excelentes presentes natalícios que foram o último John Kay (um aprofundado libelo contra a falsa precisão dos modelos matemáticos), o recente apanhado estatístico “Figuring Out the Past” (de Peter Turchin após a sua magnífica análise estrutural-demográfica da histórica americana que é “Ages of Discord”, sugestão amiga do Guilherme Costa), o pequeno mas “refrescante” livro de Collier e Kay (“Greed Is Dead”) em que se demonstra que o ethos individualista já “não é mais intelectualmente sustentável” mesmo que a rejeição do “Homem Económico” não se aplique ao mercado nem aos negócios, além de um ensaio sobre o terrorismo encarado numa perspetiva histórica por um especialista francês na matéria. Para, no final disto tudo, ainda ir certamente tempo para uma longa ingestão de alguns episódios de uma das séries que ando a ver, talvez a produção israelita “Fauda”, o recomendado "Spy" ou o encerramento da quinta temporada dos “Peaky Blinders”.

 

No meio de tantos afazeres, sobra-me em permanência um espaço infinito para olhar para trás e retomar os horrores de 2020, para olhar para o lado e enquadrar filhos e netos ou revisitar amigos velhos e novos, para olhar para a frente e ter uma enérgica esperança no que o andar da vida ainda me poderá proporcionar.

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