segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

JOHN LE CARRÉ

(André Carrilho, https://www.dn.pt)

Mais um desaparecimento marcante, desta vez de um homem com 89 anos que terá tido seguramente uma vida fascinante, primeiro atuando como membro dos serviços secretos britânicos (MI6) e depois transformando-se num romancista de grande qualidade e sucesso (aqui tendo publicado inicialmente vários livros de espionagem, sobretudo ligado ao contexto da Guerra Fria, e tendo depois evoluído para outros enquadramentos internacionais de maior atualidade).

 

Aprecio o género e o talento do autor, mas não posso considerar-me fã do primeiro por alguma repetitividade que julgo encontrar-lhe (erradamente?). Li vários dos livros mais badalados de John Le Carré (pseudónimo de David Cornwell), sobretudo na década de 80 e na primeira deste século (exemplos abaixo). Mas confesso o pecado, que vou procurar colmatar, de me terem falhado (com exceção de “Um Crime Quase Perfeito”) alguns clássicos iniciais e marcantes (anos 60) como “Chamada para a Morte” ou “O Espião Que Saiu do Frio”. Importará também lembrar que a obra de Le Carré proporcionou, até pela sua natureza, várias adaptações cinematográficas relevantes, com especial destaque para “A Rapariga do Tambor” (de George Roy Hill e com Diane Keaton), “A Casa da Rússia” (de Fred Schepisi e com Michelle Pfeiffer e Sean Connery), “O Alfaiate do Panamá” (de John Boorman e com Pierce Brosnan) e “O Fiel Jardineiro” (de Fernando Meirelles e com Ralph Fiennes). Bem merecedores de uma revisitação.

 

E mais não digo por manifestamente injustificado que o faça. Mas sempre posso citar com propósito um articulista do “El País” que, procurando caraterizar a essência do escritor e do homem, se referiu ao “Dickens da Guerra Fria” e à ideia temática prevalecente de “como permanecer moral num mundo imoral”.

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