Feito o meu recap pessoal da situação política nacional destes dez dias de ausência, pelo menos no que toca às dimensões que tendo a reputar de essenciais, cumprem-me por ora uns meros apontamentos quanto ao que apurei ou percecionei, o que traduzirei no seguinte pequeno e não cansativo digest reportado a alguns episódios ocorridos ― tivemos, designadamente: três entrevistas fundamentais, a do primeiro-ministro e a dos dois candidatos à liderança do PSD (Rio e Rangel); os habituais programas televisivos de análise (quase invariavelmente paupérrimos e impensáveis na maioria dos casos, com a exceção praticamente única de Sérgio Sousa Pinto na “Lei da Bolha” de ontem); alguns artigos diários ou semanais em diários relevantes cá da praça (refiro-me, em especial, a um de João Vieira Pereira e outros de Daniel Oliveira); inícios de campanha do PCP e do Bloco (vejam também, por elucidativo, o texto de Francisco Louçã no “Expresso Curto” sobre o 22 de julho), sem nada de minimamente novo que não alguns sinais de insistência na sua razão e razões; entrevistas e intervenções avulsas (sendo que um sintoma do caráter estranho da semana terá estado no facto de a melhor entrevista que pude ouvir ter sido a de Alberto João Jardim).
Vou então direto ao assunto, propondo-vos um início de conversa nos seguintes termos (a densificar em próximos posts): o País político e mediático-opinativo estará de cabeça mais perdida do que costuma acontecer em face de crises em curso. Uma explicação? Talvez a de uma maioria farta do status quo, farta do PS e de António Costa e farta do PSD institucionalmente vigente e de Rui Rio; uma mesma maioria que tudo faz para procurar patrocinar e louvar Paulo Rangel como alternativa, não tanto por ele ou pela qualidade que dele emana (e de alguns dos seus apoiantes) mas principalmente por ele ser a única forma poderosa de se reabilitar a velha tese associada aos “suspeitos do costume” (centralistas, elitistas e liberais à portuguesa) que há décadas por aí pululam e beneficiam de privilégios determinantes, num regalado conforto e dominação. Só esta interpretação me conduz a uma certa condescendência para com a quantidade absurda de coisas estúpidas que li ou ouvi com proveniência em gente que tenho por normal ou, pelo menos, de opinião não descartável. Voltarei a falar disto e de assuntos conexos.
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