Claro que esta opção tem o seu racional político estrito, o do convencimento de que uma ida a votos o beneficiará reforçando a representatividade do PSD relativamente ao PS (o que parece hoje mais provável do que improvável), mas algo me diz que há qualquer coisa mais que se esconde por detrás do caminho em vias de concretização por parte do primeiro-ministro – às tantas, nunca o saberemos, sei lá!
O que sei, isso sim, é que a previsível chamada a capítulo dos eleitores corresponde a uma situação indesejada pela larga maioria desses nossos concidadãos, fartos como mostram quotidianamente estar das jogadas habilidosas e das discursatas tonitruantes dos políticos que temos; não é tanto pela guerra que anda pelas redondezas nem pela paragem de uma governação que já o vinha evidenciando, nem mesmo porque a situação da economia portuguesa dá sinais de se ter transformado num verdadeiro brinquinho, é mesmo “apenas e só” porque a pachorra se esgotou e a malta não quer de todo saber das matérias que importam à “bolha” (política e mediática).
Quanto ao concreto, se os bastidores não nos trouxerem novidades de monta, lá teremos um regresso às urnas em maio, onde o maior risco estará no que parece cada vez mais ser uma incapacidade sistémica para suster a demagogia e a falta de vergonha de André Ventura e seus capangas do “Chega”. Com um Montenegro fragilizado, diga-se o que se disser, com um Pedro Nuno que passa mal junto de franjas significativas dos eleitores (incluindo os de esquerda e habituais ou esporádicos votantes do PS), com uma Iniciativa Liberal presa na inconsequência dos seus fantasmas anti-estatistas, com a “perda de poderes” (leia-se crescente descredibilização) do Bloco e do PCP, a margem de manobra de Ventura tenderá a continuar em alta (apesar dos roubos de malas ou dos sinais de pedofilia nas hostes). Fica o alerta, à atenção de quem nos meandros políticos deste País ainda releve princípios e causas e assim consiga libertar-se de taticismos, de arrogâncias gratuitas e de fechamentos sem sentido.
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