sábado, 15 de março de 2025

UNS PERIGOSOS ESQUERDISTAS OU O PODER SEMPRE AFRODISÍACO?

Ricardo Costa, Bernardo Ferrão, Paulo Baldaia, Ângela Silva, Rui Calafate, Nuno Santos, Margarida Davim, Anselmo Crespo, Anabela Neves, António José Teixeira, Eunice Lourenço, David Dinis, Maria Castello Branco, João Maria Jonet, Maria Henrique Espada, Gonçalo Ribeiro Telles, Pedro Mexia, Miguel Santos Carrapatoso, Inês Serra Lopes, Rui Pedro Antunes e Natália Carvalho, eis apenas alguns dos nomes que constituem a cambada de jornalistas esquerdistas que indecentemente dominam a opinião pública neste nosso país à beira-mar plantado. Uma denúncia de que merecem ser alvo, fruto das posições que foram assumindo no processo que conduziu à queda do governo de Luís Montenegro (LM) – para que conste!

 

Falemos seriamente. O caso da moção de censura não foi provocado por um Pedro Nuno Santos (PNS) que, por muitas culpas que tenha no cartório (e indiscutivelmente que tem, pela postura que assume e pela empatia que não deixa passar!), todos proclamavam que era a última personagem a ter vantagem em que se realizassem eleições antecipadas (as sondagens eram-lhe desfavoráveis, a Esquerda persistia largamente minoritária e uns Estados Gerais preparatórios de uma renovação da proposta do PS estavam ainda em fase de lançamento). O que me remete para uma dúvida essencialmente metódica em relação ao racional (a existir) associado à atuação de LM: aposta num reforço eleitoral que tinha por certo ou receio de continuar a ser cozido em lume brando e/ou eventualmente acusado de factos mais gravosos e ainda desconhecidos?

 

É claro que, cumpridas as etapas que conduziram à dissolução do Parlamento e convocação de novas eleições legislativas por parte de um Marcelo tornado irrelevante aos olhos da maioria dos portugueses que não para levar a cabo os trâmites necessários à prossecução das determinações constitucionais, estamos agora em face de um PSD que se apresenta a cerrar fileiras (pudera!) atrás do seu atual líder e distribuidor de lugares e pequenos ou médios poderes, enquanto outros agentes ligados ao partido laranja aguardam uma ocasião mais propícia (desde logo, uma derrota eleitoral ou uma “vitória pequenina”) para se exprimirem com maior propriedade e potencial eficácia – Jorge Moreira da Silva recordou há dias que foram dadas todas as condições à atual liderança e avançou ser “penoso” o que está a acontecer e recear que o PSD “não tenha percebido bem o impacto desta crise”, Rui Rio deu alguns sinais de já ter estado mais longe de uma solução de “bloco central” e Passos continua predominantemente calado e, presume-se, a afiar a faca através da qual dará entrada à extrema-direita.

(cartoons de António Antunes, “Cartoon do António”, https://expresso.pt) 

Neste quadro, a campanha eleitoral será incontornavelmente lamacenta. Não serão regateados esforços tendentes a chamuscar ou queimar PNS, ao mesmo tempo que não faltará a lamúria dos apaniguados de LM e a sua insistência na qualidade de uma governação de dez meses que pouco mais fez do que aplicar distributivamente o excedente deixado por Costa e Medina. Esta certeza impõe ao PS uma particular responsabilidade quanto ao modo como conduzirá a sua campanha, tanto mais que à sua esquerda não escassearão “bocas foleiras” e declarações objetivamente autopunitivas. Uma situação que arrisca a tornar-se desoladora e até profundamente deplorável.

 

Volto aos jornalistas e comentadores. Não para me escudar argumentativamente em gente reconhecida pela sua independência e não afiliação político-partidária como Miguel Sousa Tavares ou Manuel Carvalho. Mas tão-só para acrescentar ao conjunto dos nomes acima as opiniões acabadas de expressar pelos inesperadamente novos e inconfessados esquerdistas que são titulares de colunas que ontem e hoje encontrei nas páginas do “Expresso” e do “Público”, como João Vieira Pereira ou João Miguel Tavares. E por aqui decerto me ficaria não fora a brilhante e honrosa exceção de Daniel Bessa que, sempre pragmático e um passo à frente do resto da malta, nos veio explicar a banalidade do problema havido (a constituição de uma empresa por LM versus a sua continuidade como profissional liberal mais uma divergência de 30 dias na duração de uma CPI) e comunicar que o seu voto cidadão permaneceria entregue ao PSD porque “a alternativa continua a parecer-me pior”...





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