terça-feira, 16 de janeiro de 2018

MARIÔ CENTENÔ



Considero que seria falha grave da nossa parte que deixássemos aqui passar em claro a ascensão de Mário Centeno à liderança do Eurogrupo. Embora talvez ainda seja cedo para uma avaliação definitiva do académico que nos entrou pela porta dentro na qualidade de municiador de uma estratégia macroeconómica ao serviço do candidato António Costa, que depois chegou imprevista e desajeitadamente a ministro das Finanças, que pela área financista foi ganhando peso e notoriedade – mais em função dos resultados (a política é sempre resultadista...) do que dos intrigantes meios (gradualmente apreendidos como provenientes de uma técnica habilidosa e rígida de cativações) e das adaptações de rumo a que recorreu (também por força das circunstâncias parlamentares), que sobreviveu a várias trapalhadas (com especial destaque para o episódio das “mentiras” e consequente puxão de orelhas de Marcelo) e que agora vai ter vida nova com sede dividida entre Lisboa e Bruxelas. Um herói improvável, portanto, mas um herói cheio de competência técnica e aparentemente dotado de um grau ilimitado de autoconfiança pessoal. Nestas caraterísticas – conjugadas com uma firme obstinação, uma enorme capacidade de trabalho e uma equipa de apoio significativamente complementar e eficaz – assentou o sucesso que não pode deixar de se reconhecer. Coisa diferente, como já aqui dissemos repetidamente, são os escolhos e os riscos que lhe/nos estão pela frente, cá e lá – porque não devemos de todo sobrestimar as aparências de uma Europa em normalização, afinal de uma Europa ainda claramente longe de uma definição cabal e estruturada. Que Deus o ajude...

(a partir de Fernão Campos, http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt e de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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