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(Até agora, a
minha pesquisa sobre a situação política espanhola permitia concluir que,
correndo o risco de na Catalunha desaparecer do mapa político, o PP se mantinha
relativamente resiliente pela Espanha mais espanhola. Porém, atualizando essa pesquisa, chego à
conclusão que pode não ser assim.)
As razões mais profundas que apontavam para a conclusão acima apoiavam-se
na profunda maioria sociológica que vive e resiste por detrás do PP e dos seus
tentáculos nas sociedades locais e regionais espanholas. É aliás essa maioria
sociológica que tem apoiado a resistência do partido em toda a saga de corrupção
em que as estruturas nacionais, regionais e locais do PP se deixaram mergulhar e
contaminar. Segundo um modelo de prospeção do tipo “cada cavadela cada minhoca”,
as estruturas políticas do PP alimentaram-se de todos e variados tipos de
corrupção, particularmente quando a crise financeira de 2007-2008 deixou a nu imparidades
de todo o género.
Pois apesar desses sucessivos abalos, o partido foi resistindo, ainda por
cima com um líder que não pode ser considerado propriamente um animador nato. A
sua vulnerabilidade fez-sentir, é certo, na gestão tardia e frouxa da crise
catalã, mas ainda deu para o último assomo de energia e sentido de Estado que
se traduziu pelo acionamento do 155.
Não havendo ainda pesquisa sociológica e política que explique a não
confirmação da referida resiliência, a verdade é que esta semana foram publicadas
sondagens indicativas do que seria o espectro eleitoral espanhol nacional se os
espanhóis por qualquer motivo fossem às urnas. E aqui há surpresas.
O que os números mais recentes nos trazem é uma recomposição do poder
eleitoral da direita espanhola. Um pouco à imagem e semelhança do observado na
Catalunha, em que se assistiu a uma monumental fuga de voto do PP para o
CIUDADANS, assistiríamos agora a uma extensão desse fenómeno a nível nacional. Segundo
se depreende da última sondagem, o CIUDADANS representaria cerca de 27% do eleitorado,
operando uma significativa e relevante viragem no conjunto PP + CIUDADANS, embora
sem aumentar o peso da direita.
Não sei se por este ou por outro motivo, os independentistas, particularmente
Marta Rovira, a mais representativa dirigente da Esquerda Republicana que não
está na prisão, apelava estes dias para que o independentismo procurasse outras
amarras e entendimentos fora do seu bloco tradicional.
Será que a sociedade espanhola dá sinais de poder mudar, sem que entretanto
o apagão da esquerda seja recuperado?
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