(cartoons de
António Jorge Gonçalves, http://inimigo.publico.pt e Henrique
Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
Terminada a contenda eletiva laranja, com a mais que natural vitória de Rui Rio, vai agora começar a verdadeira guerra interna. Para se compreender o que assim pretendo sugerir, cito a crónica de Pedro Santos Guerreiro no “Expresso” – onde se pode ler: “A campanha foi pobre porque os candidatos são pobres, de maneiras diferentes. Santana é instintivo e superficial (...). Rio limita-se à economia (e à visão poupadinha dela) e à limpeza do partido (...).” Prosseguindo com o seguinte: “A diferença é que Rui Rio tem um plano para perder e foi isso que foi dizendo nos debates, nas entrevistas, nos comícios de última hora: no cenário improvável de a direita ter mais deputados do que a esquerda, criando uma ‘geringonça’ de direita (que aliás já existiu, a PàF); não tendo a direita mais deputados, juntando-se ao PS numa coligação de centro.” E, mais à frente: “Muitos dos candidatos ao PSD não avançaram agora por acreditarem que Costa não vai derrubar um líder do PSD, mas dois. Ficaram à espera de 2019. E, para poderem ser candidatos depois das eleições de 2019, preferem o candidato que então mais seguramente saia. Daí terem ficado calados, criticado Rio ou apoiado Santana.”
Digamos, porém, que a perspicaz análise acima é a análise certa tudo o mais constante, como dizem os economistas. Só que a realidade se manifesta as mais das vezes cheia de imperfeições, fazendo com que a verificação dos pressupostos falhe com frequência. O que quero eu dizer com isto? Muitas coisas, aliás muitíssimas mesmo, entre palpites e intuições mais algum saber de experiência feito. Mas, sobretudo, que poderão surgir várias surpresas grossas nos horizontes do mundo laranja. O próprio Santana, algumas distritais desalinhadas, o grupo parlamentar? Sim, com certeza. Marco António, Miguel Relvas, Luís Montenegro, Hugo Soares, Carlos Moedas, Moreira da Silva, José Eduardo Martins...? Sim, provavelmente alguns desses e/ou outros, guess who and what. E – quem sabe? – até também poderá acontecer que a mediocridade e o autoritarismo de Rio venham a mostrar-se a forma mais compatível de o País regressar à sua habitual zona de conforto, a da pequena e modesta normalidade. Sendo que, ao contrário do que alguns julgarão, o mais decisivo do jogo que se vai desenrolar começará por estar – em termos de definição resultadista, quero dizer – nas mãos (ou nos pés) do Partido Socialista e de António Costa...
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