sábado, 15 de outubro de 2022

A CHINA NO FOCO

Domingo é o dia de abertura do algo enigmático XX Congresso do Partido Comunista Chinês (96 milhões de membros). Muitas dúvidas sobre o que dele vai emergir em termos de conteúdo que não de correlação interna de forças, já que Xi Jinping é encarado como um mais que provável eleito para um terceiro mandato. Com efeito, de entre os assuntos de que se vai falando nos jornais e revistas de todo o planeta ninguém ousa verdadeiramente afirmar quais serão os abordados e os desvalorizados, ou seja, quais serão os elementos centrais adotados como grandes mensagens a fazer passar. Privilegiar-se-ão as questões de ordem social interna onde, com a situação de Hong-Kong brutalmente pacificada, ainda relevam muito significativamente as atrocidades de Xinjiang, as crescentes manifestações indiretas de revolta dos jovens e os cada vez mais visíveis controlos policiais sobre a sociedade (a maior despesa do Estado)? Ou dar-se-á preferencial atenção aos grandes dossiês internacionais, como os da “neutralidade” em relação à guerra na Ucrânia (relativamente à qual a incomodidade das autoridades chinesas se vem tornando indisfarçável), das tensões comerciais com os EUA que vêm dos tempos de Trump mas continuam na ordem do dia ou os da desejada reunificação com Taiwan (que se vai tornando na grande promessa de conflito que há de vir)? Ou enfrentar-se-ão os temas económicos, bem patentes na quebra da taxa de crescimento para níveis ineditamente baixos, e que vão da situação do setor imobiliário (a falência da Evergrande foi um sinal de alarme) às atribulações energéticas (entre o carvão e o CO2), das consequências não assimiladas da política de Covid-19 aos múltiplos problemas provenientes do débil funcionamento das empresas públicas, do endividamento do setor bancário e da difícil gestão da moeda. Ou, finalmente, fugir-se-á para temas de tipo mais estratégico, aparentemente mais asséticos embora cheios de conteúdo explosivo, como o projeto da Nova Rota de Seda (lançado em 2013) ou a questão do Mar da China e das militarizadas ilhas artificiais lá construídas? Perguntas à espera de respostas que serão necessariamente de alto interesse para o futuro do mundo, justificando uma observação atenta ao longo da próxima semana,

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