quinta-feira, 6 de outubro de 2022

HUMILHAÇÃO, CONTRIÇÃO E O MAIS QUE ADIANTE SE VERÁ

(Martin Rowson, http://www.guardian.co.uk)

 

O que tem estado a acontecer no Reino Unido, designadamente no que toca à súbita e humilhante viragem (U-turn) na política económica (?) anunciada pelo governo de Liz Truss e ao modo como ela gerou consequências imediatas altamente descontroladas em termos financeiros, pode ser interpretado de duas formas distintas mas não mutuamente exclusivas. Uma é a que tem a ver com a força efetiva dos mercados, goste-se ou não deles, dos seus ditames, das suas práticas e de tudo o mais que os define; sendo que é sempre útil não o esquecer, tanto mais que o sistema é o sistema e que tudo tende a acabar na constatação de que os seus graus de elasticidade acabam por ser bem menores do que o que alguns gostam de insinuar ou apregoar. A outra é a que tem a ver com a crescente (in)competência de quem governa e a lógica cada vez mais interesseira de quem escolhe a dita, sobretudo quando ingenuamente (ou não) se pretendia que a doutrina pura e dura fosse colocada no posto de comando ao serviço dos mais favorecidos e sem cuidar de mínimos em relação ao resto dos vasos comunicantes.


(Morten Morland, http://www.thetimes.co.uk)

Agora que parece que a tempestade está a querer amainar, veremos até quando, três são os aspetos que permanecerão em definitivo no centro da vida política britânica: a dificilmente recuperável confiança perdida pela estrutura dos Tories em Truss (até já houve quem chamasse ao facto o “fim da love tory”); a dificilmente duradoura manutenção em funções do chancellor Kwarteng (ele terá de ser sempre referenciado como o bode expiatório da primeira-ministra, pelo menos enquanto não chegar a vez dela); a dificilmente sustentável posição do Partido Conservador enquanto continuado líder das intenções de voto dos britânicos (algo que os Trabalhistas já incorporaram nas suas estratégias de preparação com vista às legislativas que hão de vir). Tudo isto por referência a termos mais estritamente políticos, uma vez que estamos falados quanto às previsíveis perturbações com impacto na economia...


(Matt Pritchett, https://www.telegraph.co.uk)

(Martin Rowson, http://www.guardian.co.uk)

(Morten Morland, http://www.thetimes.co.uk)

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