Há momentos assim! Tudo tinha preparado para aqui louvar aquilo que me parecia ser uma confirmação da consabida capacidade negocial de António Costa, desta vez ao ter sido parte alegadamente importante (com o espanhol Pedro Sánchez) do acordo dificilmente arrancado ao até agora irredutível Macron em matéria de energia, o qual se traduz no abandono do chamado projeto do “MidCat” em proveito da construção de uma nova ligação (um gasoduto submarino entre Barcelona e Marselha) para distribuir hidrogénio verde e outros gases renováveis da Península Ibérica para o centro da Europa.
Ora, e nem de propósito, logo veio quem quisesse estragar-me a “festa”. Porque, enquanto do lado político propriamente dito as críticas de Paulo Rangel e João Cotrim de Figueiredo poderão ter a sua componente suspeita e do lado técnico as críticas de Clemente Pedro Nunes também o poderão ter pela sua postura habitualmente enviesada relativamente ao governo do PS, as dúvidas colocadas por Maria da Graça Carvalho provêm de uma académica com pergaminhos de isenção e seriedade que, a despeito do seu alinhamento partidário, merecem ser considerados e ponderados.
Não sendo eu um especialista na matéria em causa, e estando como os demais cidadãos tolhido na sua apreciação pela escassa informação sobre ela dada a conhecer pelas autoridades portuguesas e europeias, muito apreciaria que mais fosse dado a conhecer sobre os principais eixos do acordo, por um lado, e sobre o racional em que assenta a posição vitoriosa do governo português quanto ao mesmo, por outro. Até que assim seja, e excetuando um pequeno alerta sobre o trajeto lusitano das obrigatórias ligações a Espanha (já houve tempos em que a REN procurou defini-lo ao arrepio de interesses patrimoniais, ambientais e outros estabelecidos na área do Douro) e um apontamento desconfiado sobre a viragem de Macron (garantiu o essencial para o lóbi interno do nuclear?), terei de me abster de produzir opiniões de qualquer natureza em relação a um tema que será sempre de significativa relevância para o nosso País. Exceto que nunca nada nesta vida deve ser tomado pelo seu aparente valor facial.
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