terça-feira, 25 de outubro de 2022

REINO UNIDO: O FIM DO PALHAÇO RICO E DO PALHAÇO POBRE?

(Pierre Kroll, https://www.lesoir.be) 

Mesmo tendo em conta que não terá sido pelas melhores razões que Boris Johnson abdicou de concorrer a uma nova liderança do Partido Conservador  e acreditem que se ele fosse submetido a um escrutínio dos militantes de base, estes visivelmente fascinados pela imbecilizante força dos tweets iriam levá-lo a conseguir a dita ―, o certo é que o homem desistiu de se abalançar ao cargo (ou foi convincentemente instado a tal, quando já as más línguas garantiam que o próprio rei recorria ao experiente espírito materno para manifestar a sua preocupação e solicitar apoio) e assim deixou o terreno escancarado ao bem mais normal avanço de Rishi Sunak, que acabou entretanto por ser ontem proclamado vencedor (de notar a evidência de como o temor por eleições fez acelerar a capacidade de escolha dos Tories, em setembro lentos e maduramente reflexivos até se inclinarem estupidamente para Truss e agora lestos e altamente eficientes na sensata indicação de Sunak ― eis mais uma comprovação de quão dominante é a luta pela sobrevivência no contexto dos partidos tradicionais e de quão afrodisíaco por lá continua a ser o exercício do poder).

 

Já aqui se disse praticamente quase tudo acerca do inconcebível estado a que o Reino Unido chegou. Em termos económicos, estaremos conversados se recordarmos os impactos que vêm sendo produzidos na sequência do amaldiçoado Brexit e seus múltiplos repiques subsequentes (vejam-se os três gráficos abaixo), tudo tendo levado a que a “The Economist” desta semana construisse uma capa centrada no que ironicamente designa por “Britaly”, um trocadilho que pretende equiparar de modo descredibilizante a situação da Grã-Bretanha à italiana.



No plano político, e depois da turbulenta e triste passagem de Boris, aconteceu a referida candidatura e entronização da incompetente Liz Truss. Dela faltará apenas deixar o já habitual registo para memória futura das notícias desses dias extraordinários em que a senhora culminou até ao limite do ridículo os seus 44 dias de glória em Downing Street com umas declarações de autocaracterizarão iniciadas da parte da manhã com uma proclamação de combatente incansável e terminadas da parte da tarde com os braços em baixo a sinalizar uma resignada desistência. Ficou o “prémio de consolação” que não escapou ao traço dos cartunistas: o de ter sido no seu desastroso consulado que foi enterrada a rainha Isabel II, o único facto destes dias que ela não pôde verdadeiramente anular... Pior era impossível, paz à sua alma!


(Pierre Kroll, https://www.lesoir.be)

(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)

(Peter Brookes, http://www.thetimes.co.uk)

(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

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