Ser político com responsabilidades maiores é algo que, nos dias de hoje, exige enorme elasticidade pessoal e uma significativa dose de capacidade de abstração e resiliência. Imagine-se, por exemplo, quanto seria suscetível de suportar um cidadão normal perante a forma como a ele se referisse a coluna do diretor do semanário nacional mais difundido e prestigiado. Neste estrito registo de um quase sobressalto, António Costa merece indubitavelmente um aceno de solidariedade e um forte aplauso.
Para efeitos comprovacionais, reproduzo apenas o suficiente, ou seja, os dois primeiros parágrafos do texto assinado por João Vieira Pereira no último “Expresso”:
“As cambalhotas de António Costa já fazem parte da mobília da política nacional. Admiro a sua elasticidade. A sua capacidade de dizer uma coisa e o seu contrário com tal convicção que consegue sempre agradar em alguma ocasião. Há quem considere que esta característica resulta de um enorme faro político, sempre direcionado para a sua sobrevivência. Talvez. Mas também se pode dar o caso de António Costa apenas representar na perfeição o vácuo em que mergulhou o pensamento político em Portugal.
Tente responder às seguintes questões: qual acha que é a visão que o primeiro-ministro tem para Portugal? Que objetivos acha que ele quer que sejam atingidos após uma década a liderar Governos? Mas não fique por questões instrumentais, como fazer crescer a economia ou diminuir a dívida pública, o desemprego ou a pobreza. Estas coisas todos querem. Estou a falar da visão que supostamente os políticos deviam ter para um país. O erro pode ser meu, mas não a consigo ver. Talvez se tenha perdido entre os ziguezagues dos últimos sete anos.”
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