domingo, 30 de outubro de 2022

UMA SIMPLES RECORDATÓRIA

 


(A contragosto e forçados pela força e novidade das circunstâncias inflacionistas, relativamente às quais a principal dúvida é a de saber se a inflação está já entrincheirada, com sinais de propagação endógena e sinais de espirais salários -preços, a macroeconomia está hoje de novo sob o fogo de velhas controvérsias. A questão-chave continua a ser, não a de saber se as subidas de taxas de juro são necessárias para controlar a situação, o que parece inevitável, mas antes a de avaliar se é estritamente necessário ´provocar uma forte recessão para conseguir o objetivo. Ou seja, se em vez de uma luta de morte entre política monetária, restritiva por natureza, e política fiscal, amenizadora dos custos recessivos, não seria vantajosa uma cooperação entre as duas políticas.)

Nestes momentos de conflito e controvérsia de ideias, é fundamental recordar argumentos-chave que por vezes as derivas monetárias ou monetaristas tendem a ignorar ou pelo menos a ocultar, deliberadamente.

Sem tempo para mais, limito-me a recordar algumas ideias essenciais expressas por um economista americano de grande atividade na divulgação das ideias macroeconómicas, Bradford DeLong. Interpretemos bem o que ele diz:

Para concluir: Não “precisamos” de recessões. As recessões não são “funcionais”. As reivindicações de que as recessões são necessárias para promover mudanças estruturais desejáveis estão muito próximas de ser uma completa falsidade. Numa recessão, quase nenhum negócio é lucrativo e muito poucos estarão a recrutar.

É numa expansão, não numa recessão, que as mudanças estruturais desejáveis acontecem à medida que as pessoas são levadas a uma produtividade mais elevada e setores e homens de negócios aprendem a expandir esses mesmos negócios e a aumentar a eficiência.”

É com estas conceções que me identifico. A ideia “liquidacionsta” da recessão, interpretada e desejada como uma força salvífica de expiação, deve ser rejeitada. O que não é a mesma coisa que rejeitar que a política monetária pode ser restritiva.

Ninguém melhor do que Brad DeLong o expressaria.

 

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