sexta-feira, 28 de outubro de 2022

XIÍSMO À POTÊNCIA MÁXIMA

(José Manuel Puebla, http://www.abc.es) 

Foi há quase duas semanas atrás que aqui vim abordar, de modo necessariamente aligeirado, as dúvidas em torno do que iria ser o XX Congresso do Partido Comunista Chinês. Terminado o mesmo, e excluindo alguns pormenores talvez não negligenciáveis, o saldo pode fazer-se conforme reza o falante cartune acima ― made in China, com grande escuridão quando se olha de longe e com inusitada repressão quando se sente de perto. Ou, dito de uma forma diferente e com recurso à capa do “Der Spiegel”, tudo se passou em moldes definíveis nos termos de um “seja feita a vossa [de Xi] vontade” (com o incidente da purga do ex-presidente Hu Jintao a ser usado como simbólico da implacável rotura a operar).


Assim, e em relação às hipóteses que aqui aventei enquanto possíveis elementos centrais do Congresso, o que quase exclusivamente foi privilegiado passou pela consagração de Xi Jinping como todo-poderoso (party of one, escreveu a “Foreign Affairs”) e, na respetiva sequência, pela inequívoca afirmação de uma ordem social interna ferreamente controlada (nela se incluindo a questão da “reunificação” com Taiwan como ponto de honra nada descartável). No demais, apenas (e já não será pouco) a insinuante presença (por vezes expressa, outras vezes implícita) de um combate por uma “nova ordem internacional” alternativa e diversa e, também ela, fortemente marcada pela moldagem de um made in China (the world according to Xi Jinping, escreveu ainda a “Foreign Affairs”). O resto ficará para tratar em sedes mais internas, da economia a uma prioritária supremacia tecnológica, das questões ambientais aos conflitos comerciais, dos grandes dossiês regionais e internacionais à guerra e aos laços com a Rússia.


(cartoons de James Ferguson, http://www.ft.com e https://www.project-syndicate.org)

(Jaume Capdevilla, Kap, http://www.lavanguardia.es)

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