sábado, 29 de outubro de 2022

A TAP FOI O CASO ELUCIDATIVO DO MÊS!


(Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt)

Outubro quase a chegar ao fim. Um mês que em termos políticos internos, e do meu ponto de vista, ficou essencialmente marcado pelo definitivo desmascaramento do primeiro-ministro em relação ao vergonhoso caso TAP (as rábulas de Ricardo Araújo Pereira aí estiveram para o demonstrar de um modo profundamente achincalhante). Repetir-me-ei se disser que, pessoalmente, não conseguiria mais encarar os meus concidadãos se tivesse por aí andado a berrar aos quatro ventos em nome de uma política e do seu racional patriótico para acabar, alguns anos depois, a engolir o proclamado com a mesmíssima “cara-de-pau” e sem um esboço de explicação plausível ou qualquer confissão sincera de erro ou omissão.

 

Já Pedro Nuno Santos (PNS), por um lado por ser o ministro da tutela e também pela sua mais frontal forma de estar, não se eximiu a deslocar-se à Assembleia da República para considerações e esclarecimentos sobre a matéria. E lá o procurou fazer como melhor soube e pôde, uma vez que ao desgastado tema pouco restará que possa ser justificável aos olhos da opinião pública nacional (com a agravante, em que não insistirei, da incompreensível gestão centralizada das rotas e dos inaceitáveis vícios de gestão que vão sendo conhecidos à medida que a comunicação social cava e as minhocas ficam à vista). PNS confessou a necessidade de integrar a TAP num grande grupo de aviação (contanto exista algum que a queira...), embora recusando sem mais a ideia de cambalhota, e confessou também que o seu preço de venda ficará abaixo da injeção pública recentemente havida (das outras a história deixou de rezar...), tentando simultaneamente contrabalançar tais fracassos com dois apontamentos em torno dos sacrifícios entretanto feitos pela companhia e que evitaram mais injeções de capital (mas não foi o que se ganhou, sublinhe-se, foi sim o que se deixou de perder!) e de uma insinuante acusação à anterior administração (aquela em que pontuou David Neeleman) a respeito dos valores de compra de aviões então ocorrida (o correspondente envio de uma suspeita para o Ministério Público não pode deixar de querer pôr em evidência a seriedade atual por contraponto à passada num domínio que alguns sublinham constituir um mero fait-divers para desvio de atenções e culpas).

 

No que me toca, e porque do que vou vendo me parece que PNS é o mais carismático e corajoso dos aspirantes à sucessão de Costa no Partido Socialista, custa-me sempre vê-lo embrulhado em trapalhadas como esta (a anterior está ainda largamente por esclarecer e só virá à tona se e quando as comadres se zangarem...), mas já me habituei à ideia de que me terei de conformar com esse facto aparentemente inultrapassável de a sua postura, algures entre a propensão para assumir riscos (frequentemente desnecessários, convenhamos...) e alguma insuficiência na dose de maturação dos assuntos (com consequências num tratamento irrefletido dos mesmos), não augurar grande futuro às suas ambições de vir um dia a ascender ao mais alto nível do poder.




Sem comentários:

Enviar um comentário