segunda-feira, 31 de outubro de 2022

ENTENDIDOS, ELES?

 

Mais um momento risível por parte da dupla que representa e governa Portugal! Desta vez, num curto espaço de dois dias, um e outro vieram a público criticar o BCE quanto à linha que vem prosseguindo em sede de política monetária, o presidente chegando mesmo a recomendar uma reponderação da opção de subida das taxas de juro (“vale a pena pensar, e pensar o mais próximo possível, se é de continuar este galope, porque pode ser a maneira não certa, não correta, de resolver o problema, nem o da inflação, nem o do crescimento económico”) e o primeiro-ministro sugerindo prudência no seu combate à inflação (que está, todavia, estatutariamente definida através de um objetivo de estabilidade de preços de 2% ao ano, estando a inflação de outubro num nível médio europeu de 10,7%) e chegando mesmo a adiantar uma vulgar tese sobre os fundamentos do fenómeno, que não sobre a sua escassa durabilidade, como há meses atrás (“é preciso compreender a natureza específica do choque inflacionista que estamos a sofrer, que não resulta de um aumento exponencial da procura, mas de quebras significativas da oferta [resultado de uma rotura das cadeias de abastecimento e da pandemia da Covid-19, com agravamento pela guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia e na geração de uma crise energética à escala global]”). Além de um e outro se esquecerem de analisar em concreto a situação portuguesa, que é a que mais diretamente lhes respeita e muito pano teria para especulações (como, por exemplo, um tratamento sério da questão da contraditória incentivação do consumo que decorre do seu afã de popularidade), forçoso é constatar estarmos perante dois responsáveis políticos que assim se pretendem também revelar como uns improváveis mas extraordinários especialistas teóricos e práticos de política monetária!

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