Mais um excelente dossiê de fim de semana do “El País”, desta vez centrado na ascensão da extrema-direita na Europa (“El auge de la ultraderecha llega a su máximo em Europa: uno de cada seis votos”). Um trabalho sério e muito útil para melhor se percecionar e consciencializar a expressão da perigosa evolução que aí está à nossa frente (17% do eleitorado europeu é, efetivamente, muito significativo!), aqui se reproduzindo com a devida vénia alguns dos principais gráficos e infografias que o suportaram (do crescimento sustentado ao longo das últimas mais de quatro décadas, a abrir, à presente distribuição geográfica desse voto radical, à sua evolução no tempo e por país e a uma listagem dos partidos como tal considerados, abaixo).
Não sendo este o momento em que pretendo voltar a equacionar as razões objetivas e as responsabilidades subjetivas associadas ao fenómeno em causa, direi apenas que me parece que elas se dividem em doses bem repartidas entre um conjunto de aspetos inexoráveis (mas, ainda assim, tentativamente enfrentáveis pela força da cidadania e da “boa política”) de natureza sociológica, económica e demográfica, por um lado, e um outro conjunto de aspetos de natureza mais estritamente política (entre a covardia e a incompetência das atuais lideranças europeias e a incapacidade e inépcia revelada pelas formações partidárias tradicionais para se adaptarem frontalmente às novas circunstâncias que se lhes deparam), por outro. No tocante a este último tópico, o gráfico com que encerro este post serve de boa ilustração quanto ao crescente desligamento dos cidadãos eleitores em relação ao conjunto dos social-democratas europeus, que estão visivelmente em clara perda desde o início do século.
Quanto ao caso português, por fim e embora aqui não venha também ao caso, a minha convicção vai no sentido de que se anda largamente a brincar com o fogo em relação a um “Chega” que se vai conseguindo normalizar de modo paulatino, seja à boleia de uma comunicação social generalizadamente preguiçosa seja por via da forma como os dois grandes partidos vão agindo (de um sedento e desorientado PSD a um PS sem criatividade e meramente refugiado em alegados princípios, sem esquecer ainda os não inocentes afrontamentos semanalmente praticados pelo Presidente do Parlamento contra Ventura e seus pares). Escusado será dizer que vaticino que tudo isto nos vá conduzir a um final pouco feliz...
Sem comentários:
Enviar um comentário