domingo, 9 de outubro de 2022

A DERIVA DA CAUSA CATALÃ


(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

(Toni Batllori, https://www.lavanguardia.com) 

Hoje limito-me a aqui vir corroborar o entendimento recorrentemente apresentado pelo meu parceiro de espaço quanto aos caminhos do “independentismo catalão” e, muito em particular, quanto ao papel contraditório e até nefasto que tem vindo a ser desempenhado pelo “Junts per Catalunya” sob a liderança/influência do estranho personagem que é Carles Puigdemont.

 

A cereja no topo do bolo, ou se quiserem a prova provada, esteve agora na decisão tangencialmente maioritária do partido no sentido de abandonar o governo em que participava coligado com a “Esquerra Republicana” de Pere Aragonès, que assim perdeu a maioria parlamentar que conjuntamente detinha. Tenho a perfeita noção de que na política nada é a preto e branco (não faltarão os antecedentes que conduziram a este desenlace, designadamente os que culminaram com o presidente da “Generalitat” a ausentar-se de uma manifestação da “Diada” e a demitir o seu vice-presidente Jordi Puigneró), mas tenho também a perceção de que há movimentos que, pelas tendências para que apontam, não permitem grandes enganos quanto à firmeza das convicções que lhes subjazem e à sinceridade dos respetivos protagonistas; definitivamente, o “independentismo catalão” está doente e carecido de algum tipo de refundação.

 

Deixo para o António Figueiredo, que aqui tem sido um competente e esclarecido analista da matéria em questão, o encargo de tratar mais aprofundadamente as consequências de curto e médio prazo que são expectáveis decorrer das feridas crescentemente abertas e da nova situação política em presença; com a pergunta de um milhão de dólares a ser a seguinte: haverá vias de salvação condigna para uma causa com história e sentido ― e quais? ― ou será o recuo que hoje se antecipa simplesmente irreversível neste nosso tempo?

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