segunda-feira, 24 de outubro de 2022

A INCÓGNITA MELONI

Encerrada com a posse de Giorgia Meloni a parte um da sua chegada ao poder, encarada por uns como o prenúncio do regresso de um tempo mau (cem anos depois de Mussolini) com inevitáveis reflexos negativos sobre a União Europeia e considerada por outros como o advento de uma nova era para uma Itália pela primeira vez governada pelo esperado bom senso de uma mulher (mesmo que com raízes políticas na extrema-direita) que, sem prescindir dos princípios maiores, saberá adaptar os ditames da ideologia à situação concreta de um país tornado o mais problemático da União em termos económicos e financeiros.

 

Assim, e enquanto as grandes figuras europeias não escondem quanto se vão esforçar ao máximo por integrar Meloni no seu seio (vejam-se o discurso acolhedor de Ursula von der Leyen) ou a hospitalidade parisiense de Macron), a verdadeira dificuldade parece ir ser a que provirá de dentro do bloco de apoio ao governo (com Berlusconi a dar sinais de que não tardarão a chegar as suas diabruras e Salvini a temporizar entre alguma aparente moderação geral e uma pesca à linha por temas fraturantes que não quererá deixar de esgrimir). Que a senhora dá ares de saber ser simultaneamente tesa e flexível, lá isso dá ― já quanto a sobre que caminho de fundo quererá ou conseguirá fazer prevalecer, não nos resta senão esperar para ver.


(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

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