(Há quem diga que a situação em França exige que se pegue o touro pelos cornos. Mas há também quem se interrogue sobre o desespero de Macron, sobretudo tendo o risco do seu recentramento ser demasiado isolacionista e contribuir para exacerbar os extremos, o da direita, bem melhor- posicionado, e o da esquerda ainda em busca de um reconhecimento mais alargado para a França Insubmissa. Mas há também quem não desista de convocar uma França talvez desaparecida, ou simplesmente adormecida e excessivamente acomodada. É nesta última perspetiva que acolho e cito aqui as palavras de Bernard-Henry-Lévy. Um libelo interrogatório que, em meu entender, coloca as coisas no seu devido sítio, mostrando o que pode estar em causa politicamente em França com as próximas eleições legislativas. Por estas e por outras me insurgi contra a ideia de que as Europeias terão sido apenas uma vaga a ter em conta e não o tsunami esperado.)
Dispenso palavras desnecessárias e fico-me apenas pelas interrogações de Lévy.
Será que os Franceses ainda se sentem incomodados, reagindo em conformidade?
Citando (tradução livre da versão em castelhano publicada pelo El Español):
“(…) Querem realmente aguentar com esses incompetentes, esses irresponsáveis, esses tontos úteis que apoiam a Rússia, esses demagogos, esses velhos empedernidos, da organização estudantil de extrema-direita, esses xenófobos de toda a vida, esses herdeiros de um partido que diz ter mudado, como quem musa de camisa, relativamente à questão existencial do antisemitismo?
É verdade que vocês entraram, um por um, nas cabinas de votação da República para dizer “quero viver numa época antiliberal, reacionária, racista”?
"Quero uma época punitiva, marcada a fogo com o ressentimento, a guerra social e o ódio. Quero senhores e cadeias, garrote e chicote. Quero que acabe esse sonho do que a França foi, desde os capetianos até De Gaulle, das revoltas camponesas às revoluções, dos trovadores aos surrealistas.
É isso que querem? (…)”
Existirá ainda uma França adormecida?
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