(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)
Hoje é dia de treino, ou seja, o dia convencionado como sendo para dedicar a uma reflexão, aturada e consciente pois claro, sobre o tipo e localização da cruz a realizar amanhã no boletim de voto. Poucas vezes os portugueses terão estado confrontados seriamente com uma dificuldade de monta como a presente – as alternativas confiáveis escasseiam e as escolhas tornam-se cada vez mais destituídas de sentido efetivo, é pelo menos essa a impressão que vou recolhendo das minhas sondagens muito pessoais; indecisão que parece também ser a dominante na maioria das restantes paragens europeias.
Para os que conseguem abstrair-se do absurdo que por cá vai acontecendo e assim conseguem privilegiar um voto útil face ao avassalador crescimento previsível da extrema-direita na Europa, o PS e a AD são justificadas opções para reforçar o centro moderado no Parlamento de Bruxelas/Estrasburgo. Aqui o problema poderá estar na irritação que lhes provoca a atitude e o taticismo de Pedro Nuno Santos, manifestamente um líder que ainda não convence e cujas prestações até começam a tender para o afastativo, e o pedantismo infantilizado de um Bugalho tão cheio de si quanto demasiado feito à pressa para protagonizar um combate político credível.
Para outros, menos convencionais relativamente ao discurso dominante, as opções também existem, ora mais à direita com um liberal articulado (que não necessariamente ajustado à realidade) como Cotrim ora mais à esquerda com um “verde” simpático e relativamente bem preparado como Paupério. Este com a vantagem de estar a fazer uma campanha bastante solitária e a justificar alguma solidariedade por força de um incompreensível desligamento do líder do “Livre” Rui Tavares (será que alguém acabará por explicar este facto de aparente indignidade e que roça mesmo um certo atropelo às proclamadas defesas da democracia e da transparência?).
O resto é mais do mesmo no seu estado puro. Do Chega de Tânger e Ventura nem falo, seguindo o bom exemplo do Ricardo Araújo Pereira. Sobre o PAN e os quatro gatos do seu inusitado cabeça-de-lista também não quero esticar-me muito. O Bloco merece-me um aceno positivo pela campanha profissional e próxima que foi conduzida por Catarina Martins, mas também não acrescentou nada de relevante. E a CDU, apesar dos esforços de normalização empreendidos por João Oliveira, confirma-se em vias de extinção, tendo sido a investigação do “Politico” em torno dos votos dos atuais eurodeputados em determinadas matérias sensíveis (ver o inconcebível quadro reproduzido mais abaixo) o melhor elemento de comprovação do desmerecimento de qualquer apoio a uma força que, objetivamente, tem servido de forma recorrente os interesses de Putin no Parlamento Europeu.
(Pierre Kroll, http://www.lesoir.be)
Termino com um exercício de prognóstico pessoal, com certeza tão falível quanto as sondagens que vamos conhecendo. Direi, então, que os nossos futuros 21 eurodeputados poderão ter as seguintes proveniências partidárias de acordo com o meu cenário central: 7 para a AD e 7 para o PS, 3 para o Chega, 2 para a Iniciativa Liberal, 1 para o Bloco e 1 para o Livre. Um cenário pessimista, por seu lado, surgiria com uma configuração do seguinte tipo: 8 para a AD, 6 para o PS, 4 para o Chega, 1 para a Iniciativa Liberal, 1 para o Bloco e 1 para a CDU. A um cenário otimista prescindo de me referir para não azarar...
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