Voto botado, dou comigo a pensar em Manuel Pinho, cuja condenação a 10 anos de prisão efetiva foi a notícia da semana cá pela “Terrinha”. Conheci-o quando procurava convencer Ferro Rodrigues e José Sócrates, ao tempo líderes do PS, a contrapor a ideia de um “choque tecnológico” ao “choque fiscal” que era proposto por Durão Barroso e Santana Lopes. Andava então pelo Grupo Espírito Santo, depois de uma estada no Tesouro e na JCP (Ministério das Finanças), e rapidamente chegaria a Ministro da Economia e da Inovação, onde esteve de 2005 a 2009. Foi polémico q.b., entre a afirmação pela fotografia, as casas do Príncipe Real e de Campo de Ourique (esta ligada a Almeida Garrett), a iniciativa de um novo Museu dos Coches e uma aposta muito mediatizada nas renováveis para já não falar de declarações como as que fez na China ou de atos cheios de novo-riquismo como o da sua exibição de natação ao lado de Phelps na piscina de um hotel algarvio, culminando com a cena dos cornos no Parlamento com que pôs um inapelável fim ao seu mandato e desapareceu da cena pública para privilegiar ostentações pontuais a partir de Nova Iorque, de Madrid e de várias outras paragens. Tudo somado, um economista que podia ter realizado uma carreira agradável, bem-sucedida e bem remunerada e que tão levianamente se deixou capturar pelas aparências e, a Justiça o confirmará, pelo lado mais desmedido (ganância) incorporado na ideia de ambição (greed), acabando a degradar o bom nome conquistado pela família e a desperdiçar a vida em processos judiciais e prisões domiciliárias de anos. Escolhas absolutamente incompreensíveis aos olhos de um cidadão normal, sendo especialmente estranha a sensação de impunidade com que possa ter estado a receber avultadas mensalidades em offshores durante o seu desempenho ministerial – simplesmente imperdoável, se for o caso!
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