quinta-feira, 27 de junho de 2024

TAMBÉM QUERO TREINAR, DO SOFÁ NO CASO!

A imagem acima chegou-me por Whatsapp, através de amigos mais atentos às redes sociais, mas por uma vez merece-me completa vontade de a ela recorrer para ilustrar o que parece estar a passar-se na Seleção Nacional de Futebol sob a direção do espanhol Roberto Martínez, uma espécie de remake de Fernando Santos (com vantagem para o conservadorismo mais consequente deste). De facto, o jogo com a Chéquia já tinha sido mau o suficiente e o jogo com a Turquia apenas tinha melhorado alguma coisa (apesar do embandeiramento em arco da maioria dos comentadores, encantados pelo resultado) por força da maior explanação do adversário no terreno, mas o jogo de ontem com a Geórgia foi simplesmente vergonhoso e até humilhante.
 
A principal culpa destas prestações tem de ser assacada ao selecionador, quer pela sua constante mudança de sistemas de jogo quer pela sua difícil capacidade de leitura a partir do banco (a entrada de Chico Conceição e Pedro Neto já depois da hora contra os checos foi límpida a esse propósito). Neste último plano, ontem voltou a ser quase provocatório – exemplifico: substituiu ao intervalo aquele que estava ser o melhor jogador do meio-campo (João Palhinha), a perder por dois golos retirou Cristiano Ronaldo do campo para um like-to-like com Gonçalo Ramos, colocou dois laterais-direitos em campo (a atropelarem-se) quando se decidiu pela entrada de Nelson Semedo e manutenção de Diogo Dalot, insistiu num “tudo a monte” na parte final da partida (João Félix, Diogo Jota, Matheus Nunes e Ruben Neves não sabiam claramente de que terra eram!) e por aí fora. Um pedido a Fernando Gomes: dá uma palavrinha ao homem no sentido de lhe explicar que não pode continuar a agir com um tal desprendimento tático (somado a explicações de autêntica “areia para os olhos”) perante a enorme expectativa – e correspondente euforia – dos portugueses (de cá e do exterior) relativamente às prestações da “equipa de todos nós”.

(cartoon de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt) 

Das capas dos jornais do dia, escolho as duas que me merecem algum tipo de comentário: a de “A Bola” pela graça que lhe subjaz ao optar por referir que “pelo menos ninguém se aleijou” e a do “Público” pela relativa falta de rigor (eventualmente pretendendo-se justificativa?) com que refere “um Portugal B chumbou frente à Geórgia”. Porque, em boa verdade, um alinhamento liderado por Diogo Costa e Cristiano Ronaldo e com Diogo Dalot, Danilo, Gonçalo Inácio, João Palhinha, João Neves e Francisco Conceição no “onze inicial” nunca poderá ser definido como um Portugal B (por muito que tenham faltado Cancelo, Pepe, Ruben Dias, Nuno Mendes, Vitinha, Bruno Fernandes e Bernardo Silva). O que faltou, isso sim, foi compromisso quase generalizado, com um coletivo a “jogar de cadeirinha” e num desesperante ritmo de movimentação e algumas exibições insuportáveis de vedetismo a imperarem (o modo de estar de João Félix, mesmo que podendo contrapor-se que joga fora do seu lugar, chega a exasperar!); um plano em que o “velho” Cristiano Ronaldo ainda dá cartas (já não é muito eficaz mas envolve-se até à última gota), tendo sido paradoxalmente substituído quando a sua presença ainda podia ser útil.

Por fim, e só por fim, a personificação do desastre no jovem António Silva pelos erros primários e determinantes que cometeu. Ele que fez uma época medíocre no Benfica e que foi levado ao colo para ser parte dos 26 de Martínez, ele que os “encarnados” queriam vender muito bem à boleia de um grande “Europeu” (uma espécie de segunda dose do “gato por lebre” que foi a alienação de Félix ao Atlético de Madrid). Deixo abaixo mais dois produtos das redes sociais que julgo merecerem o apontamento e ninguém levará a mal, entre o “pelo menos não foi autogolo” do protagonista e a referência ao “único António Silva que era mesmo bom”.

Venha agora a Eslovénia, uns jogadores portugueses mais respeitadores da camisola que envergam e um selecionador mais inspirado e menos inventor do que tem vindo a ocorrer.

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