quinta-feira, 20 de junho de 2024

MAU TEMPO EM BRUXELAS E OUTROS VENTOS LOCAIS

(Pierre Kroll, http://www.lesoir.be) 

É sabido que Bruxelas não prima propriamente pelo bom tempo, havendo até quem resuma a coisa dizendo que cada dia por lá tem as quatro estações. Mas junho já vai a mais de meio e muita chuva tem caído – o mesmo temos visto em várias cidades da Alemanha nas transmissões televisivas dos jogos do Euro, Leipzig incluída aquando do nosso jogo de estreia de ontem –, levando o cartunista local a imaginar o excelente desabafo de um simples cidadão local. Muito bom! 

Entretanto, em aproximações sucessivas a Bruxelas tem andado o obcecado Costa, que não perde uma oportunidade para se referir ao tema da sua eventual designação, chegando até ao extremo de citar Cavaco ou de defender uma aposta da UE em “campeões nacionais” (¿Por qué no te callas?); isto ao mesmo tempo que é apresentado pelo “El País” como um apresentador de televisão em estreia enquanto aguarda pela sua sorte em Bruxelas (não havia mesmo necessidade, digo eu!).

Também em aproximação a Bruxelas está a Hungria, país que irá comandar a próxima Presidência Europeia (a democracia tem destes paradoxos!) e que já apresentou o seu programa de festas (vulgo prioridades) sob o inspirador patrocínio de Donald Trump (“Make Europe Great Again” tem tudo, efetivamente, para ser um slogan feliz e nada provocatório por parte do inconcebível Orbán!).

(cartoon de Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)

Há ainda mais uma personagem em notória aproximação a Bruxelas, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni. Parece que lhe tomou o gosto, muito por efeito do modo como por lá tem sido tratada por Ursula von der Leyen e outros altos dignatários de uma direita moderada com sérias tentações de experimentarem alianças à sua direita mais extremada. Sendo igualmente certo que Meloni tem sido hábil a gerir o seu posicionamento, já para não falar do modo como se tem imposto aos cidadãos italianos em detrimento do rival Salvini. Em qualquer caso, no Conselho Informal desta semana as conversas e os acertos relativamente aos top jobs aconteceram naturalmente nos âmbitos partidários mais habituais (EPP, S&D e Renew), o que terá conduzido Meloni a dar sinais do seu desagrado com a situação e talvez mesmo a jurar que servirá fria a sua vingança. O meu feeling aponta para que ela vá ganhar crescente relevância no quadro do próximo quinquénio europeu, quem sabe se mesmo à custa de uma indesejável viragem da agenda a aplicar.

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