Na morte da atriz francesa Anouk Aimée (AA), aos 92 anos, será certamente injusto que aqui enfatize quanto ela se tornou essencialmente, para mim, um rosto e uma expressão de sensualidade associados a dois dos meus filmes de culto: “A Doce Vida” de Federico Fellini (1960) e “Um Homem e Uma Mulher” de Claude Lelouch (1966). O grande realizador italiano, que também a dirigiu em “Oito e Meio” (1963), disse a seu propósito: “Ela pertence à grande máscara do cinema, com este rosto que tem a mesma sensualidade intrigante que o de Garbo, Dietrich e Crawford, as grandes rainhas misteriosas”. Não obstante o que acima afirmo, devo reconhecer que terá sido através do seu desempenho enquanto Lola, a dançarina de cabaret e mãe solteira que construiu a história do filme “Lola, c’est moi” (Jaques Demy, 1961), que AA passou à eternidade na Sétima Arte – o que ela própria também considerou quando convincentemente afirmou: “Já não sei onde começa Anouk e onde começa Lola, onde termina Lola e onde termina Anouk”. Sea lo que sea – peu importe! –, é mais um importante desaparecimento geracional que se regista e muito lamenta.
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