Eu até sou dos que consideram que António Costa vai acabar por ser escolhido para a presidência do Conselho Europeu, função de que também me parece se sairá sem enfrentar grandes escolhos (basta, aliás, ver o inconcebível cromo belga a que sucederá). Mas, dito isto, manda a verdade que aqui sublinhe três aspetos: (i) que a política raramente é um local de meritocracia e competência, caso em que Costa teria sido já dela rechaçado, não digo por “indecente e má figura” (citando Passos) mas por manifesta inadequação às exigências do exercício de cargos públicos; (ii) que há gente que nasce com “o rabo voltado para a Lua” e que, por isso, sempre vai sobrevivendo às calinadas que pratica e aos solavancos com que se depara – como não ser otimista quando assim acontece?; (iii) que na União Europeia nada está decidido antes de tudo estar decidido, como mais uma vez ontem ficou claro no Conselho Informal em que as esperadas grandes decisões quanto aos top jobs se defrontaram com perguntas e dúvidas vindas de vários lados e com algumas movimentações de última hora por parte de alguns praticantes de barro à parede, franco-atiradores ou senhores de ambições pessoais ou nacionais escondidas e só tardiamente trazidas à tona. Lições de vida ou de experiência feita que sempre importa ir recordando, mesmo quando a maior probabilidade é a de já estarem escritas na pedra as decisões que ditarão parte do que a União será no quinquénio próximo – com Costa no barco, desejando-lhe continuada sorte e dando graças por não termos de o ouvir em larga permanência no novo canal de notícias (“Now”) de que aceitara ser comentador residente.
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