terça-feira, 15 de agosto de 2017

A SOBRIEDADE DE PATRÍCIA




(Mais uma Mulher a suscitar a atenção deste blogue, em nome da competência e da sobriedade…)

Em pleno desconchavo do Estado e Governo e em pleno luto por Pedrogão, foi o bom e o bonito quando a proteção civil decidiu centralizar no posto de Alfragide os briefings de comunicação ao longo dia, para dar conta do estado dos incêndios pelo país, das situações controladas e descontroladas e do esforço de mobilização de meios para combater o flagelo diário de muitas povoações e territórios deste país.

Estando na memória recente de todos a descoordenação evidente nesse fim de semana trágico, com tudo o que é serviço público relacionado com os fogos e a proteção civil a alimentar o fogo da desconfiança quanto a outras instituições do Estado, a centralização dos briefings no posto de Alfragide foi vista por muitos como uma reedição da lei da rolha para tapar os buracos da descoordenação os serviços. O Governo estaria a sonegar informação à comunicação social e ao país.

Pois, apesar do alarido de então, com a oposição, nesse caso mais o CDS, a cavalgar a toda a brida a figura da lei da rolha, a medida entrou em execução e um rosto e uma voz de Mulher passaram a assumir o comando das comunicações ao longo do dia. Patrícia Gaspar passou a ser quem apresenta os pontos de situação e as mensagens que de vez em quando é necessário fazer passar.

A sobriedade rigorosa de postura e de linguagem comunicacional de Patrícia passaram a dominar a expressão regular dos briefings que uma época desastrosa de incêndios florestais sempre implica. Entretanto, não consta que os profissionais da comunicação social tenham sido coartados no que quer que seja nas suas reportagens sobre os incêndios mais gravosos. Os senhores Presidentes de Câmara assumiram um novo protagonismo, aqui e ali um popular mais exaltado zurze a bom zurzir nas operações locais, sobretudo quando compreensivelmente os bombeiros não chegam tão rapidamente quanto o desejável ou quando os meios aéreos não estão tão presentes como seria necessário. Mas, pelo menos, deixou-se de ouvir a segada dos serviços e responsáveis locais e regionais a darem largas ao seu ego comunicacional.

Entretanto, impávida e serena, competente, expressiva, sóbria, muito sóbria, Patrícia Gaspar enobrece a sua função, prestigia-a. Oh como seria um outro universo se todos na administração pública tivessem esta postura de competência e sobriedade.

Os que tanto atiçaram a lei da rolha, devem estar algures a braços com o problema de a engolir, sabe-se lá como.

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