(Inés Arrimadas, Ciudadans en Catalunya)
(Josep Lluís Trapero, Major dos Mossos d'Esquadra)
(A utilização dos
trágicos acontecimentos das Ramblas (Barcelona) e Cambrils (Tarragona) como
arma de arremesso da luta política em torno do independentismo catalão e do
beco em que a proposta de referendo se transformou constitui um caminho perigoso que não
favorece nem a segurança, nem a perspetiva catalã…)
O golpe jhiadista das
Ramblas e de Cambrils, talvez precipitado pela falha cometida pela célula terrorista
na moradia de Almanar, com as explosões de vasto material explosivo destinado a
outras utilizações, caiu no pior momento político das relações entre Madrid e a
Catalunha. As forças de segurança e de intervenção da Generalitat, os Mossos d’Esquadra
aparentemente centralizaram todo o movimento que conduziu à morte e detenção de
praticamente toda a célula terrorista. Mas, como é óbvio numa situação de
tamanha tensão, face a essa ocupação do espaço mediático pelos Mossos d’Esquadra, dificilmente
a gestão de tal tensão passaria incólume a eventuais problemas de coordenação
entre forças.
O problema não está nessa
possibilidade. O verdadeiro e perigoso problema é que a atuação da força de
segurança regional passou rapidamente a ser matéria de jogo político, o que
direi eu é tão trágico e lamentável como os próprios acontecimentos.
Por um lado, o foco na
capacidade de resolução da detenção e eliminação dos elementos da célula
jhiadista foi implicitamente utilizado pelo nacionalismo catalão como uma prova
de fogo das suas capacidades de autonomia. Surgiram registos na imprensa espanhola
de testemunhos da Polícia e da Guarda Civil de que terão sido marginalizados no
desenvolvimento do processo.
Por outro lado, outros informadores
têm passado a ideia de que a investigação desenvolvida pelos Mossos d’Esquadra
teve falhas relevantes, agravadas com a revelação mais recente de que a polícia
belga (também não propriamente conhecida pela sua celeridade e competência) foi
informalmente informada da necessidade de compreender melhor a atuação do Imã
de Ripoll.
Até a azougada líder da oposição
à Generalitat, Inés Arrimadas, líder do Ciudadanos na Catalunha, não resistiu a
entrar no jogo político, declarando que a atuação dos Mossos d’Esquadra mostra
que a Catalunha não é uma colónia, como o independentismo catalão mais feroz
costuma em regra invocar. Arrimadas, curiosamente, invocou a atuação das forças
de segurança regionais para demonstrar que existe autogoverno na Catalunha,
sendo por isso tola a ideia da independência.
São caminhos perigosos
de um jogo político urdido com uma matéria que não pode estar à mercê deste
tipo de ventos. Hoje, alguma sensatez foi reposta com a decisão da Audiência
Nacional de colocar a segunda parte da investigação dos atentados de Barcelona
e Cambrils sob a supervisão do Centro de Inteligência contra o Terrorismo e o
Crime Organizado.
As redes sociais podem
ter-se incendiado com a expressão “Bueno
pues molt bé, pues adiós” proferida no fim de um encontro com os
jornalistas pelo Major dos Mossos d’Esquadra Josep Lluís Trapero. Mas nestas questões
do terrorismo, o campo não é de protagonismos, é de eficácia e coordenação. Por
isso, colocar estas matérias no jogo político do independentismo catalão é uma oferta
preciosa ao jhiadismo já radicalizado em Espanha.
Sem comentários:
Enviar um comentário