Dou hoje por concluída a minha impressionista digressão pelo Cáucaso. Onde também acabei por conhecer razoavelmente os três jovens guias locais que me calharam em sorte (qualquer deles ainda na casa dos vinte anos), uma georgiana apelidada de Katie, uma arménia chamada Arpine e um azeri de nome Emin – todos tão diferentes nas suas caraterísticas pessoais quanto iguais nas suas obviamente sonhadoras aspirações de vida. A primeira, conformadamente reativa ao seu conservador entorno mais direto, alguém cujos acasos da existência facilmente levariam a habitar um país diferente a Ocidente ou a Oriente; a segunda, muito crente e mais convencional, além de profundamente curiosa e estudiosa, alguém cuja atração pelo exterior não vai ao ponto de provocar qualquer abalo no fervor e entrega nacionalistas que essencialmente a animam; o terceiro, um muçulmano agnóstico de bem com a vida, amante de futebol e do Qarabağ Futbol Klubu – um clube de Ağdam que joga em Baku por força do conflito com a Arménia e que, à data, esperava a segunda mão da terceira ronda de qualificação para a Liga dos Campeões, após um 0-0 em casa contra os seus congéneres moldavos; o Emin acha que, com a minha bênção e sob a batuta de um Almeida brasileiro, foram vencer fora e vieram depois a eliminar o Copenhaga na quarta ronda, logrando uma presença inédita na fase de grupos efusivamente celebrada nas ruas da capital –, alguém cujo quadro futuro evoluirá certamente para que dê aso à determinação e capacidade de iniciativa empresarial que parece possuir e a que por lá constitua uma família dominantemente tradicional. Viajar é uma das coisas boas que levo deste mundo e, no meu conceito, viajar inclui centralmente ir conhecendo as gentes e as suas circunstâncias – para o que os três acima mencionados muito contribuíram no caso vertente. Aqui lhes deixo o meu obrigado, já agora na respetiva língua (e no tão exclusivo alfabeto georgiano): გმადლობთ (gmadlobt’), shnorhakalut’yun, təşəkkür edirik.
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