quarta-feira, 30 de agosto de 2017

ANÍBAL SAIU DA TOCA




(Vindo pela manhãzinha diretamente da Praia da Coelha, Albufeira, Aníbal, Cavaco para os amigos, chegou a Castelo de Vide destinado a destilar os seus ódios de estimação e de pretenso louvor ao pragmatismo, sem uma palavra de futuro para os jovens PSD, que afinal resolveram construir o seu futuro amanhando-se nas lides partidárias…)

O homem saiu da Praia da Coelha compenetrado no seu discurso, escrito para não ser tentado pelo delírio da improvisação. Tinha a mensagem bem fisgada e não deixou de frisar que se tinha levantado às seis da manhã para mostrar que não brinca em serviço. Defender que a realidade supera sempre a ideologia, encontrando uma forma canhestra, que é afinal a sua especialidade, de zurzir na geringonça que lhe deve ter tirado o sono, mesmo que afirmando que está fora da política e que nunca foi político. É verdade que trouxe o tema da saída do euro, defendida ou admitida pelos parceiros do apoio parlamentar do PS. Mas isso é assunto requentado. Já se sabe que com isso pode o PS bem, já que na complexa e difícil negociação do orçamento ano a ano o assunto do Euro está fora do raio da negociação. Quis ser popular ou engraçado, que funciona sempre mal em tal ADN, com a história do perder o pio e piar mesmo assim. Os Jotões aplaudiram o que é indicador suficiente dos monstrinhos políticos que estão na forja.

Mas a lição tinha outros destinatários. Aníbal descobriu Macron para zurzir Marcelo. E de novo aqui o ADN atraiçoa o personagem. De calções na praia ou em mangas de camisa o homem tem menos à vontade do que Marcelo de smoking ou de fato de gala. Imagino quanto Aníbal, Cavaco para os amigos, estará incomodado com o tom e estilo da Presidência de Marcelo. Pouco faltou para proclamar que Macron é o homem de Estado, Marcelo o fala -barato. Esteve perto e sobretudo o tom com que destilou essas afirmações não engana ninguém. A saída da toca rendeu uns minutos de audiência nos telejornais. Voltará à toca da Coelha talvez reconfortado, regressado a Lisboa com o ego automassajado, mas a verdade é que por mais minuto de ódio destilado nunca conseguirá apagar a presidência mais cinzenta, quezilenta e pindérica de que há memória em democracia.

Sem comentários:

Enviar um comentário