(Vindo pela manhãzinha
diretamente da Praia da Coelha, Albufeira, Aníbal, Cavaco para os amigos,
chegou a Castelo de Vide destinado a destilar os seus ódios de estimação e de
pretenso louvor ao pragmatismo, sem uma palavra de futuro para os jovens PSD, que afinal resolveram
construir o seu futuro amanhando-se nas lides partidárias…)
O homem saiu da Praia da
Coelha compenetrado no seu discurso, escrito para não ser tentado pelo delírio
da improvisação. Tinha a mensagem bem fisgada e não deixou de frisar que se
tinha levantado às seis da manhã para mostrar que não brinca em serviço.
Defender que a realidade supera sempre a ideologia, encontrando uma forma
canhestra, que é afinal a sua especialidade, de zurzir na geringonça que lhe
deve ter tirado o sono, mesmo que afirmando que está fora da política e que
nunca foi político. É verdade que trouxe o tema da saída do euro, defendida ou
admitida pelos parceiros do apoio parlamentar do PS. Mas isso é assunto
requentado. Já se sabe que com isso pode o PS bem, já que na complexa e difícil
negociação do orçamento ano a ano o assunto do Euro está fora do raio da
negociação. Quis ser popular ou engraçado, que funciona sempre mal em tal ADN,
com a história do perder o pio e piar mesmo assim. Os Jotões aplaudiram o que é
indicador suficiente dos monstrinhos políticos que estão na forja.
Mas a lição tinha outros
destinatários. Aníbal descobriu Macron para zurzir Marcelo. E de novo aqui o
ADN atraiçoa o personagem. De calções na praia ou em mangas de camisa o homem
tem menos à vontade do que Marcelo de smoking ou de fato de gala. Imagino quanto
Aníbal, Cavaco para os amigos, estará incomodado com o tom e estilo da Presidência
de Marcelo. Pouco faltou para proclamar que Macron é o homem de Estado, Marcelo
o fala -barato. Esteve perto e sobretudo o tom com que destilou essas afirmações
não engana ninguém. A saída da toca rendeu uns minutos de audiência nos
telejornais. Voltará à toca da Coelha talvez reconfortado, regressado a Lisboa
com o ego automassajado, mas a verdade é que por mais minuto de ódio destilado nunca
conseguirá apagar a presidência mais cinzenta, quezilenta e pindérica de que há
memória em democracia.
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