(José Maria Pérez González – “Peridis”, http://elpais.com)
María Dolores de Cospedal, a secretária-geral e tida por dona do aparelho do PP, tinha afinal boas razões para ser metafísica. Com efeito, as primárias do seu partido revelaram hoje que a escolha final do próximo líder não passará por ela (nem, aliás, pelo ex-ministro José Manuel García Margallo, já um tanto fora de prazo): o sucessor de Mariano Rajoy será Soraya Sáenz de Santamaría ou Pablo Casado, questão a decidir em Congresso dentro de duas semanas. A análise que segue é muito pessoal e relativamente desinformada, mas sempre arrisco: Soraya é um produto demasiado colado ao anterior presidente do Governo e poderá ser vista como uma indesejável continuidade em relação ao passado recente; Casado é um produto mais jovem e potencialmente mais diferenciado, que chega a ver-se como capaz de aspirar a crescer dentro do espaço eleitoral que tem vindo a ser conquistado pelos Ciudadanos de Rivera. Não me parece, contudo, que qualquer deles possa vir a ser mais do que um líder partidário de transição, assim indo limitar-se o vencedor a assegurar o comando e a intendência do partido durante a travessia no deserto que lhe parece predestinada, seja porque Pedro Sánchez venha a ser capaz de mostrar arte e engenho para se segurar no poder ou porque o bipartidarismo venha a acabar por ser rechaçado num processo eleitoral que tivesse de ocorrer a breve trecho. Em qualquer caso, não terá sido só por um calculismo deste tipo que o atual presidente galego Alberto Núñez Feijóo saiu por ora de cena, mas tê-lo-á sido também certamente – e, afinal, que terá vindo ele dizer ao nosso presidente Marcelo?
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