(Rui Caeiro)
(Em tempos em que estava mais frequentemente por Caminha, a
pulsão natural apontava para Vigo, não para Viana do Castelo. Ultimamente, a
pulsão tem-se invertido, puxando mais para Viana. Prolongamento de
reflexões estivais.)
De facto
nunca entendi a pulsão do passado que puxava mais para Vigo e menos para Viana.
Reflexos do apelo da dimensão urbana, da cidade maior, vá lá saber-se porquê. Mas
tão naturalmente como o passado puxava para norte, nos últimos tempos tem
puxado mais para Viana. Ainda bem, porque a cidade está um brinco, honra seja
feita a um dos mais esforçados autarcas deste país, José Maria Costa (que futuro
político para este homem de bem após o seu último mandato autárquico?).
A Taberna do
Valentim é sem dúvida uma das justificações para a inversão da atração. Gosto
de jantar neste restaurante despretensioso, amável, de muito bom peixe, agora
com um Largo da Feira, mesmo em frente, alindado e dando ao local uma sensação
de dimensão e área como nunca teve. Muita gente do Norte, loura, branca,
encantada com o local e assim se faz o verão minhoto.
Oportunidade
para uma passagem pela Feira do Livro com o prédio do Coutinho, expectante, a
acolhê-la (não seria mais interessante e sugestivo manter a imagem da infração e
do mau urbanismo do que destruir tal silhueta?). E nestes encontros casuais com
os livros há sempre uma surpresa à nossa espera, neste caso a livraria SNOB com
três preciosidades: uma dupla edição de Rui Caeiro (DIÁLOGOS MARADOS e UM
MALUCO VEM POUSAR-ME NA MÃO) DE 2017 e 2018, três inéditos do mesmo autor (Uma recordação
da infância, Uma recordação da adolescência e um Pesadelo pós moderno) e uma coletânea
de textinhos e intróitos de Vítor Silva Tavares (onde para a minha coleção do
ETC?). Preciosidades para uma noite diferente.
E, por fim,
após a subida pelas ruas cuidadas do Centro Histórico, alguns minutos na pracinha
central com o Wines&Blues Festival, que poderia ter mais produtores, mas
que cumpre a sua função para uma noite de verão.
A animação
estival de uma cidade tolhida pelo declínio demográfico da sua envolvente é difícil?
É-o de facto, mas com persistência lá se vai fazendo a diferença.
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