Já perdi a conta aos anos que dura esta “tertúlia” que o Alberto Castro organiza na Católica num fim de tarde de início de Verão, com a sempre fascinante e imprevisível dinamização de dois grandes e polémicos pensadores: José Fernando Pinto dos Santos (JFPS) e José Manuel Félix Ribeiro (JMFR). O mote deste ano (“A Globalização, ou vai, ou racha!”) prometia, como sempre, e os desenvolvimentos não desiludiram, também como sempre. JFPS andou em torno da ideia da globalização como um processo complexo de integração entre países, utilizou os blocos de legos para explicar que o mundo global é um emergente (tem, pelo menos, uma propriedade que os países que o compõem não têm) e concluiu que a gestão importa mais do que nunca, tornando-se o principal determinante do desempenho das empresas. JMFR partiu da gigantesca diferença que separa os EUA da Zona Euro (designadamente em matéria de modos de gerir a detenção de uma moeda internacional, mas também na distinção entre uma capacidade de reinvenção permanente e um eucaliptal), falou das três economias/geografias que coexistem nos EUA (territorial, multinacional e digital) e evidenciou o dado espantosamente essencial de uma Zona Euro transformada na região do mundo com maiores excedentes correntes (“a Alemanha decide sobreviver como uma pequena economia aberta competitiva” e “passamos todos a ser alemães virtuosos”). Ainda houve tempo para se perceber uma relativa falta de sintonia na leitura de ambos quanto à China, entre “o único bloco com uma estratégia global” a despeito de “uma internacionalização empresarial que visa melhorar o respetivo desempenho no próprio país” e “o altíssimo risco da aposta numa mudança de estratégia em favor da compra de ativos físicos” mais a ideia de um poder chinês que “não podendo dar democracia, opta por dar capitalismo popular”. Sublinhe-se, por fim, que no ar ficou também a muito séria questão de que deveríamos começar a pensar qual é a Europa que interessa mais a Portugal – e já vamos bem tarde, digo eu!
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