(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
Em julho, a surpresa geral foi grande quando o nome de Ursula von der Leyen (UvdL) saiu do bolso de Emmanuel Macron para resolver o impasse que estava criado na mesa do Conselho Europeu. Embora tenha havido quem nela não mais visualizasse do que um lifting da sua chanceler Angela Merkel, a realidade é que a senhora rapidamente conseguiu impor-se e fazer-se passar, embora tangencialmente, no Parlamento Europeu. Sendo ainda merecido que se diga, em abono da verdade, que os seus guidelines tinham conteúdo e tocavam o essencial dos problemas com que a Europa se depara.
Entretanto, e depois de umas semanas de duro trabalho preparatório e negociação com os diversos governos, UvdL apresentou a sua proposta de colégio de comissários, razoavelmente bem recebida pelos principais comentadores e analistas do Continente (veja-se, abaixo, o editorial do “Financial Times”, intitulado “A commission ready to defend Europe’s interests”), não obstante a relativa fragilidade – diga-se! – da maioria das análises produzidas (atente-se, por exemplo, nas excessivas insistências no tópico da paridade de género e veja-se, abaixo, o elucidativamente fraco artigo de fundo da segunda página do “Financial Times”). Nesta perspetiva, e a meu ver, um dos aspetos mais insuficientemente abordados nestes trabalhos jornalísticos terá sido o associado à entrega da pasta da “Economia e Finanças” ao italiano Paolo Gentiloni, numa manifesta e discutível jogada de charme dirigida ao novo governo de Giuseppe Conte.
Por outro lado, e enquanto por cá ainda tenha havido quem andasse às voltas com as vice-presidências – mais uma matéria de óbvio e necessário equilíbrio entre famílias políticas do que outra coisa qualquer, apesar da vontade expressa por UvdL no sentido de lhes entregar coordenações e outras provas de efetivo peso executivo –, o criticismo maior acabou por vir a ser dirigido a algumas designações dadas a pastas com algum melindre, com o caso do portfolio “Protecting Our European Way of Life” (integrando o tratamento de diversas questões associadas à complexa questão dos migrantes e refugiados e, por isso, visto por alguns como uma inaceitável cedência a nacionalistas e populistas) a pontuar acima de qualquer outro (embora pudéssemos também interrogar-nos sobre portfolios como “Crisis Management”, “Interinstitutional Relations & Foresight”, “Economy that Works for People” ou “A Stronger Europe in the World”, assim como sobre a ausência de qualquer referência explícita à Investigação e Ciência) – tudo aspetos que, de um ou outro modo, as audiências parlamentares se encarregarão de resolver a contento. Já em termos de potenciais expectativas sérias, é seguramente muito cedo para se fazerem afirmações definitivas numa direção ou noutra.
(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
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