(A robustez, maturidade e consistência da Orquestra Sinfónica
da Casa da Música do Porto são hoje evidentes e orgulho de quem a ouve tocar
com regularidade. Se dúvidas houvesse, o modo como a Orquestra respondeu às
exigências de um repertório de música contemporânea como o do passado sábado
todas elas se dissipariam. E foi um prazer ver o modo vibrante, entusiasta, respirando ainda juventude
que baste, como Joana Carneiro dirigiu a Sinfónica com um estilo de direção que
parecia dançar no púlpito.)
A minha formação musical deixa a desejar e traduz
uma geração que passou lateralmente por esse tipo de formação. Mas raras vezes
tenho ido a um concerto com conhecimento praticamente nulo do que iria ser
tocado, como aconteceu este sábado. A maestrina Joana Carneiro dava-me
confiança, mas verdade seja dita nunca a tinha visto dirigir música contemporânea,
aquela que nos lança numa busca desesperada pela harmonia que raras vezes
aparece quando supomos que isso irá acontecer.
Anunciava-se uma peça de Clotilde Rosa, colega
de Peixinho, outra de Sofia Gubaldulina de que conhecia umas peças para piano tocadas
pelo incontornável Krystian Zimmerman e uma segunda parte ainda mais misteriosa:
peça em estreia em Portugal de Kaija Saariaho, uma compositora finlandesa que
esteve no palco da Casa da Música para agradecer a reação do público e uma
ainda mais intrigante obra de uma coreana UnsukChin. E também a estreia na Guihermina
Suggia de uma violinista coreana Hyeyyoon Park, um prodígio de sensibilidade para
o concerto de Gubaldulina.
Receei um concerto com um público distante e
baralhado nas suas sonoridades. Mas graças à notável direção de Joana Carneiro,
com uma direção de grande expressão física, e à robustez e consistência da Sinfónica
da Casa da Música acho que se fez história do ponto de vista da comunicação em
concerto da música contemporânea. Claro que a comunhão entre Joana Carneiro e Hyejhoon
na segunda peça do programa ajudou a essa comunhão entre orquestra e público. Interpreto
tudo isto como uma evolução não apenas da Orquestra mas também do público fiel
da Suggia.
Resultado, o Eterno Feminino marcado com brilho
para memória futura, uma Joana Carneiro cada vez mais solta e vibrante e um grande
serviço à música contemporânea.
Mas que belo fim de tarde de sábado com bilhetes
ainda ligados ao meu aniversário de maio passado, já agora oferecidos pelo meu
filho Hugo que também festejava 43 anos, com música contemporânea e essa é que é
a novidade.
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