domingo, 15 de setembro de 2019

BRAVO JOANA!



(A robustez, maturidade e consistência da Orquestra Sinfónica da Casa da Música do Porto são hoje evidentes e orgulho de quem a ouve tocar com regularidade. Se dúvidas houvesse, o modo como a Orquestra respondeu às exigências de um repertório de música contemporânea como o do passado sábado todas elas se dissipariam. E foi um prazer ver o modo vibrante, entusiasta, respirando ainda juventude que baste, como Joana Carneiro dirigiu a Sinfónica com um estilo de direção que parecia dançar no púlpito.)

A minha formação musical deixa a desejar e traduz uma geração que passou lateralmente por esse tipo de formação. Mas raras vezes tenho ido a um concerto com conhecimento praticamente nulo do que iria ser tocado, como aconteceu este sábado. A maestrina Joana Carneiro dava-me confiança, mas verdade seja dita nunca a tinha visto dirigir música contemporânea, aquela que nos lança numa busca desesperada pela harmonia que raras vezes aparece quando supomos que isso irá acontecer.

Anunciava-se uma peça de Clotilde Rosa, colega de Peixinho, outra de Sofia Gubaldulina de que conhecia umas peças para piano tocadas pelo incontornável Krystian Zimmerman e uma segunda parte ainda mais misteriosa: peça em estreia em Portugal de Kaija Saariaho, uma compositora finlandesa que esteve no palco da Casa da Música para agradecer a reação do público e uma ainda mais intrigante obra de uma coreana UnsukChin. E também a estreia na Guihermina Suggia de uma violinista coreana Hyeyyoon Park, um prodígio de sensibilidade para o concerto de Gubaldulina.

Receei um concerto com um público distante e baralhado nas suas sonoridades. Mas graças à notável direção de Joana Carneiro, com uma direção de grande expressão física, e à robustez e consistência da Sinfónica da Casa da Música acho que se fez história do ponto de vista da comunicação em concerto da música contemporânea. Claro que a comunhão entre Joana Carneiro e Hyejhoon na segunda peça do programa ajudou a essa comunhão entre orquestra e público. Interpreto tudo isto como uma evolução não apenas da Orquestra mas também do público fiel da Suggia.

Resultado, o Eterno Feminino marcado com brilho para memória futura, uma Joana Carneiro cada vez mais solta e vibrante e um grande serviço à música contemporânea.

Mas que belo fim de tarde de sábado com bilhetes ainda ligados ao meu aniversário de maio passado, já agora oferecidos pelo meu filho Hugo que também festejava 43 anos, com música contemporânea e essa é que é a novidade.

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