(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
Noite de Segunda-Feira 16, Pavilhão de Portugal, Costa e Rio em ação sob o estímulo questionante de três profissionais de cada um dos grandes canais nacionais em transmissão simultânea (Clara de Sousa da SIC, Maria Flor Pedroso da RTP e José Alberto Carvalho da TVI). Um debate entre os dois contendores mais relevantes das eleições legislativas em curso, com um a partir para o dito com 16 pontos de avanço sobre o outro – naturalmente, portanto, com um mais virado para gerir o resultado sem cometer grandes erros e com o outro sentindo que o momento lhe era determinante e quase decisivo, exigindo energia e risco. Julgo que tudo quanto ali se passou deve ser balizado deste modo explicativo essencial.
Aceito a ideia de que Rio se superou a si próprio e foi por vezes capaz de encostar Costa para uma imprevisível defensiva, embora também me pareça que o mesmo evidenciou quanto é capaz do melhor e do pior, num desequilíbrio de que não consegue afastar-se e que acaba por continuar a ser o seu registo mais saliente. Aceito também a ideia de que Costa abusou da tática de enrolar o jogo à espera do andamento dos ponteiros do relógio, a ponto até de ter pontualmente evidenciado algumas inesperadas fragilidades argumentativas que mostraram ir para além de um mero excesso de confiança.
Mas, e do ponto de vista de um mero observador de sofá, aquilo que mais me fascinou naquela noite foi percorrer os três canais e ouvir os comentadores que, entusiasticamente, atribuíam a Rio a vitória no debate – era vê-los um após outro (Sousa Tavares e Pedro Guerreiro, Pacheco Pereira e Lobo Xavier, Manuel Carvalho e David Pontes, Gomes Ferreira e David Dinis, para só referir alguns), libertos e alegres, a bramirem argumentos e contra-argumentos de toda a ordem nesse sentido, quase parecendo que provinham de uma toca previsível e irrespirável, uma toca dentro da qual a única programação musical consentida era a orquestrada por Costa e onde uma emergente esperança nascia por via de uma crença forçada nas qualidades executantes alternativas de um promissor rapaz chamado Rio (que se tornava, assim, o herói deles).
Voltando ao debate para dele deixar as minhas impressões finais. Foi morno, desinteressante e menos consequente do que se quis fazer crer. Costa desiludiu e Rio não iludiu. Ambos ganharam e ninguém ganhou, dependendo das expectativas de partida de cada um e das prestações objetivas patenteadas, respetivamente – xis no totobola, ou seja, um empate, pois. E, muito provavelmente, um nulo impacto significante, exceto quanto a uns poucos pontos percentuais a menos que advirão para Costa (confirmando uma impossível maioria absoluta) e uns poucos pontos percentuais a mais que redundarão para Rio (permitindo uma derrota menos humilhante). Assim sendo, o que de mais relevante se vai jogar nas três semanas que faltam é mesmo a repartição de pesos e lugares entre os partidos de segunda e terceira linha, designadamente entre o BE, a CDU e o PAN.
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