Um indicador interessante sobre uma mudança estrutural que vem ocorrendo à escala internacional e que ameaça tornar-se num dos principais ingredientes mais condicionadores das configurações definidoras da nova (des)ordem mundial que está a germinar. Refiro-me ao que o “Financial Times” designa por hidden engine of globalisation (motor oculto da globalização), a saber, as remessas associadas aos movimentos migratórios. E o dado é sintetizável do modo seguinte: existirão hoje no planeta 270 milhões de pessoas a viver fora do seu país de nascimento (contra 153 milhões em 1990, o que evidencia quanto o aumento dos fenómenos migratórios representou uma das tendências mais estruturantes da globalização no último quarto de século), estimando-se que as mesmas irão este ano remeter para os respetivos países de origem um total de 689 mil milhões de dólares – ou seja: as remessas passarão, assim, a tornar-se a maior fonte de capital estrangeiro captada pelos países em desenvolvimento (por comparação com o investimento direto estrangeiro, os fluxos privados de capital e a ajuda ao desenvolvimento). Fica o registo, relevante certamente para uma adequada compreensão do que nos vai envolvendo.
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