segunda-feira, 2 de setembro de 2019

O QUE SE SABE DA NOVA COMISSÃO

(a partir de https://www.politico.eu)


Ursula von der Leyen (UvdL) deve estar a passar uns dias infernais para conseguir fechar a contento a sua equipa de comissários, entre nomes e pastas mais países e famílias políticas. A última novidade foi a escolha de Macron, na pessoa de Sylvie Goulard – uma próxima que estava agora no Banco Central francês, depois de ter sido uma fugaz ministra da Defesa e, antes, uma excelente parlamentar europeia nos tempos maus da crise.

Em termos partidários, a situação está equilibrada entre o PPE e o S&D (9 comissários cada), mas os liberais do ALDE com associação a Macron terão uma palavra importante a dizer no desempate das grandes questões a dirimir. Em termos de género, o equilíbrio também está presente (13 homens e 12 mulheres), quando falta a escolha final da Itália (tudo indica que será um homem, diz-se que o ex-primeiro-ministro Paolo Gentiloni) e a provável opção de UvdL pela mulher que a Roménia indicou – a ser assim, o ponto de situação pré-audições parlamentares ficará em 14 homens e 13 mulheres. Em termos de distribuição de pastas, a negociação estará no auge e incluirá alguns aspetos de especial sensibilidade inter-nacional, pese embora o facto de circularem rumores de que UvdL poderá estar a trabalhar no sentido de uma revisão profunda da estrutura de poder da Comissão Europeia – quer para conceder aos vice-presidentes (sobretudo Timmermans e Vestager) um maior poder real de coordenação quer para valorizar acrescidamente a colegialidade das decisões.

O tempo irá dizendo, muito em função das soluções que UvdL for encontrando e divulgando. Os mais pessimistas continuam a considerar que a nova presidente possui uma biografia que dificilmente se poderia imaginar menos adequada aos humores da Europa de hoje (“The Economist”, Does Ursula von der Leyen have the right skills for the EU Commission?). Os mais crentes contrapõem o seu discurso no Parlamento Europeu e a qualidade e justeza das suas Guidelines. Veremos, pois. Pela minha parte, estou bastante mais preocupado com o papel que será concedido aos comissários provenientes de países de governação socialista mas pouco praticantes de facto em matérias nucleares.

(Peter Schrank, http://www.economist.com)

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