António Lobo Xavier – um homem que anda pela banca, agora até como vice do BPI, e um reconhecido militante do CDS – também se pronunciou na última Quadratura sobre o negócio do Novo Banco, ainda antes de ele estar concluído – como ocorreu hoje – e de serem conhecidos os seus contornos integrais. Seguem, por serem esclarecedoras e concludentes, as suas afirmações mais dirigidas e contrastantes.
“Se quiser uma frase sobre o negócio tal como ele é conhecido pelos jornais, a minha opinião pessoal é a seguinte. Havia duas hipóteses, de acordo com as regras aplicáveis – porque anda aí uma grande vozearia que despreza completamente as regras legais, os acordos e o direito comunitário e o direito português –, havia duas hipóteses: liquidar o banco, o que seria um processo complicadíssimo, traumático, com efeitos absolutamente imponderáveis ou vender o banco numa situação em que não houvesse previsão de que os contribuintes portugueses tivessem que pagar mais do que o que já têm que suportar. Aparentemente a solução assegura isso, ou seja, não que ninguém vai ter que suportar nada, não é, como oiço dizer, mas que aquilo que os contribuintes têm a suportar já está suportado, aliás está suportado especialmente pelo sistema bancário porque o sistema financeiro português, inexplicavelmente e de uma forma desproporcionada, é que suporta o Fundo de Resolução.”
“Eu acho que vender o Novo Banco nas condições que vejo no jornal põe fim a um processo que é muito importante que termine do ponto de vista das relações externas de Portugal, do ponto de vista da relação de Portugal com os mercados. Acho uma solução, acho que o Governo conseguiu, lamento dizê-lo – lamento quer dizer neste sentido de que sou obrigado a reconhecer que é uma solução equilibrada –, que não piora os efeitos de decisões anteriores, pelo contrário, e fecha mais um processo – para além de ter fechado a Caixa Geral de Depósitos –, fecha mais um processo que coloca Portugal melhor.”
“Eu também tenho visto esse espanto. Mas nós acabamos de fechar a capitalização da Caixa Geral de Depósitos, onde se percebeu quais eram as condições draconianas impostas para que o Estado lá pudesse pôr dinheiro, e fecha-se essa porta, chegamos ao Novo Banco e achamos inacreditável que se proponha que se o Estado quer ficar com 25% não tenha influência na gestão. Quer dizer, não são as regras do jogo já conhecidas? Eu acho que há uma demagogia no discurso sobre esses temas verdadeiramente insuportável. As pessoas não são questionadas pelas suas opiniões – políticos, deputados, aliás de todos os partidos. Mas há alguma novidade nisso? As regras da concorrência o que obrigam... – para evidentemente que o Estado não subsidie, prejudicando a concorrência, ilimitadamente os bancos, foi preciso pôr algum limite. Eu cumprimento, se a solução for esta – não é uma solução que me agrade por razões que vêm de trás –, do ponto de vista da solução que estava ao alcance do Governo cumprimento o Governo pela solução.”