domingo, 5 de março de 2017

70 MINUTOS DE ENLEVO E DE CORTAR A RESPIRAÇÃO




(Num domingo de forte presença à secretária, por razões que constam do último post, ainda deu tempo para ver e ouvir pela primeira vez ao vivo as Variações Goldberg de Johann Sebastian Bach, com a ainda jovem promessa Beatrice Rana, e a Guilhermina Suggia com um grande início de noite…)

A tarde estava para seres com guelras, com humidade em níveis elevados e um cinzento deprimente. Beatrice Rana, uma jovem pianista italiana, já me tinha impressionado numa gravação magnífica da Warner, tocando com Antonio Pappano e a Orchestra dell’Academia Nazionale di Santa Cecilia o Piano Concerto nº 2 de Prokoviev e o Piano Concerto nº 1 de Tchaikovsky, que ouço frequentemente.

O programa da Casa da Música trazia Beatrice Rana ao Porto para as Variações Goldberg de Bach. Apesar da pressão do trabalho, achei que valia a pena mergulhar nos 70 minutos das Variações, afinal não é propriamente todos os dias que podemos usufruir dessa torrente de música. E não me arrependi. Não tenho bagagem para comparar a versão de Rana com outras de deuses do piano, mas o seu virtuosismo e a sua sensibilidade enlevam e cortam a respiração. Quatro merecidas vindas ao palco e claro que depois de 70 minutos extenuantes o público da Suggia ficou desta vez sem encore. As Variações não o admitem, não só pelo esforço que é pedido ao pianista, mas porque qualquer coisa que se tocasse a seguir estaria a mais.

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