(elaboração própria a partir dos resultados eleitorais de
2012 e de uma média das cinco sondagens mais recentes de 2017)
Uma imagem concludente do que poderá resultar da consulta eleitoral que hoje acontece na Holanda e inaugura um ciclo terrível que se prolongará na Europa até ao Outono. Quatro notas claríssimas, num quadro de grande fragmentação dos eleitores pelos 28 partidos concorrentes e se as sondagens não voltarem a enganar-se significativamente (tanto mais quanto os indecisos serão ainda maioritários): (i) os dois partidos atualmente coligados no poder (os liberais do primeiro-ministro Mark Rutte – terá ganho ou perdido com o conflito que lhe foi aberto por Erdogan – e os trabalhistas do seu vice Lodewijk Asscher e do pouco praticante e nada dignificante ministro das Finanças, Jeroen Dijsselbloem) caem dos 79 lugares de que dispõem (num parlamento de 150) para uns previsíveis 37 (com Rutte a manter-se como o mais votado e os trabalhistas a chegarem a uma merecida irrelevância); (ii) a extrema-direita de Geert Wilders, paradoxalmente autodesignada como Partido da Liberdade, reforça perigosamente a sua posição de maior federadora das frustrações dos cidadãos (em torno de um combate à imigração) e ascende a um segundo lugar destacado no espetro partidário neerlandês; (iii) os verdes de Jesse Klaver (filho de um marroquino, uma origem que Wilders classificou como de “escória”) registam a maior das subidas e passam a disputar um lugar no pódio com os social-liberais (que também crescem); (iv) não parece haver solução de governo que não seja quadripartida. Talvez ainda não seja desta que a Europa que tenho por intoleravelmente adormecida vai ser obrigada a encarar a hipótese de arrepiar caminho, mas teremos certamente mais uma medida do alastramento de uma dinâmica populista cuja imposição parece ser cada vez mais uma questão de tempo...
(Rytis Daukantas, http://www.politico.eu; https://www.sdu.nl; Klaus
Stuttman, http://www.tagesspiegel.de;
http://www.hengelosweekblad.nl)
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