terça-feira, 6 de março de 2018

A PODEROSA FRANCES


O momento da noite dos “Óscares” foi aquele da avassaladora presença no palco de Frances McDormand, a merecida vencedora do troféu para melhor atriz (já pela segunda vez, sublinhe-se). Começou por apelar a Meryl Streep que se levantasse e, atrás desta, a que se lhe seguissem todas as outras mulheres que estavam na sala (entre realizadoras, produtoras, argumentistas, compositoras e tantas outras profissionais) – um momento emocionante e verdadeiramente inesquecível!

O filme de que Frances (sabiam que ela é a mulher de um dos irmãos Coen, o que dá pelo nome de Joel?) foi protagonista – “Três Cartazes à Beira da Estrada” – é magnífico, talvez mesmo o mais interessante que vi na época cinematográfica em curso. Ela, por seu lado, tem um desempenho portentoso no papel de Mildred Hayes (uma mulher banal, habitando uma cidadezinha do Missouri e em estado de indignação perante a situação de alguém ter violado e matado a sua filha adolescente e de uma subsequente investigação policial ineficaz), enquanto os seus dois acompanhantes principais estão também excelentes e foram justamente nomeados para o óscar masculino secundário, tendo Sam Rockwell (o agente Dixon) conseguido a consagração que não tocou a Woody Harrelson (o bem-intencionado chefe da polícia William Willoughby).

O único aspeto em que a Academia terá estado menos bem nesta nonagésima edição foi o da não nomeação do realizador, o anglo-irlandês Martin McDonagh, o qual já tinha sido, aliás, o grande vencedor dos “Globos de Ouro” – porque o filme revela o seu inquestionável e multifacetado talento, na bem conseguida narrativa, na forte intensidade dramática, na combinação de peripécias bem-humoradas e reviravoltas imprevisíveis, na qualidade da imagem e no domínio da técnica, na essência da mensagem.


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