(James Ferguson, http://www.ft.com)
(Morten Morland, http://www.thetimes.co.uk)
Num seminário em que participei no passado fim de semana, alguém falava a certa altura da crassa estupidez do nosso centralismo e outro alguém logo ripostou que todo o centralismo o era por definição e prática, recebendo então como contrarresposta o exemplo chinês de um centralismo com toques de estratégico ou iluminado. Não vou entrar aqui nesta querela, mas sempre se justifica que não evite uma interrogação fundamental: essa mistura perversa entre um regime de partido único e dito socialista com um sistema económico tolerante ou aproveitador em relação ao sistema capitalista e à lógica do mercado pode evoluir bem e ser estável e duradouro? Tenho, pessoalmente, a maior das dúvidas: é que já não estamos só perante uma contradição determinante entre sistemas que acabará por irromper das entranhas, nem apenas perante sucessivas e crescentemente gravosas variações das velhas contradições entre o campo e a cidade, nem unicamente perante manifestações de repressão que tipicamente caraterizam os piores Estados totalitários, estamos também e cada vez mais perante o “regime mais intrusivo da história da Humanidade” – um regime que procura controlar ao máximo o pensamento e a liberdade individual e criativa dos cidadãos e um regime que, agora sabemo-lo, visava também prolongar sem limites o exercício do poder pessoal detido pelo seu principal protagonista Xi Jinping. Como quer que seja, o facto é que fica assim encontrada a terceira grande figura do complexo processo de décadas de experimentação política, económica e social na China, iniciado com a doutrina libertadora e comunista de Mao Tsetung, invertido com uma tendencial prática capitalista de Estado por Deng Xiaoping e agora à espera do que irá sair da cartola absolutista de um novo aspirante a imperador.
(Agustin Sciammarella, http://elpais.com e Eulogia
Merle, http://elpais.com)
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